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Erdogan chama repórter de agente por cobertura de protestos

Premiê turco chamou o correspondente da CNN Ivan Watson de "lacaio" e "agente" por sua cobertura dos protestos contra o governo


	Polícia usa canhões d'água contra manifestantes na Turquia
 (Osman OrsalReuters)

Polícia usa canhões d'água contra manifestantes na Turquia (Osman OrsalReuters)

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Da Redação

Publicado em 3 de junho de 2014 às 17h19.

Istambul - O primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, chamou o correspondente da CNN Ivan Watson de "lacaio" e "agente", nesta terça-feira, por sua cobertura dos protestos contra o governo, dias depois de a polícia o interromper em uma transmissão ao vivo.

A polícia de Istambul interrompeu a transmissão da CNN Internacional no sábado e deteve Watson por um breve período. Correspondente de longa data em Istambul para o canal de notícias, o jornalista estava cobrindo o primeiro aniversário dos maiores protestos contra o governo da Turquia em décadas.

Erdogan acusa repetidamente os meios de comunicação e governos estrangeiros de participação nos protestos, que ainda ocorrem esporadicamente, mas com um número bem menor de pessoas do que em junho passado.

Ele também culpa uma conspiração internacional por um escândalo de corrupção que em dezembro envolveu seu círculo próximo de poder.

As manifestações de sábado foram reprimidas com uma forte presença policial na Praça Taksim, onde os protestos do ano passado começaram, para evitar qualquer agitação.

A polícia disparou bombas de gás lacrimogêneo e usou canhões de água para dispersar os cerca de 1.000 manifestantes.

"Os meios de comunicação internacionais que vieram para Istambul e fizeram chamadas exageradas e provocativas estão lambendo suas patas. Um deles é o lacaio da CNN", disse Erdogan aos membros do seu Partido AK no Parlamento, em um discurso transmitido ao vivo por vários canais.

"Ele foi pego em flagrante. Essas pessoas não têm nada a ver com uma imprensa livre, imparcial e independente. Essas pessoas estão literalmente executando suas funções como agentes. É por isso que elas estão aqui."

Erdogan citou uma cobertura ao vivo da CNN dos protestos de 2013 no centro de Praça Taksim de Istambul, que segundo ele foi destinada a fomentar a turbulência.

Na época, centenas de milhares de pessoas ocuparam a Taksim por duas semanas para protestar contra o governo, que seguia os planos de Erdogan de destruir um parque em Istambul para criar espaço para um shopping.

"Nós defendemos inequivocamente nossa reportagem na Turquia, que foi e continua a ser justa, factual e imparcial", disse um porta-voz da CNN.

No sábado, a polícia empurrou e chutou Watson, em seguida, arrastou-o para fora do foco da câmera enquanto ele falava durante uma transmissão ao vivo da Taksim. Watson aparece então mostrando sua credencial de jornalista.

"A polícia turca nos deteve no meio de uma reportagem ao vivo na Praça Taksim. Um oficial me deu uma joelhada no meu traseiro", tuittou Watson no sábado.

"A polícia turca liberou a equipe da CNN depois de meia hora. Um policial pediu desculpas pelo outro oficial que me deu a joelhada enquanto eu estava sendo preso", ele tuittou 30 minutos depois.

Um funcionário do governo disse no sábado que o gabinete do primeiro-ministro havia telefonado para Watson para saber sobre sua situação e disse que ele só foi detido por alguns minutos, porque não estava carregando seu passaporte.

Grupos como o Comitê para a Proteção dos Jornalistas e o Human Rights Watch manifestaram preocupação com a situação dos jornalistas na Turquia.

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