Premiê turco, Tayyp Erdogan: 1º turno das eleições será realizado em 10 de agosto (Issei Kato/Reuters)
Da Redação
Publicado em 1 de julho de 2014 às 13h13.
Istambul - O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyp Erdogan, será candidato à presidência do país nas eleições do próximo mês de agosto, anunciou nesta terça-feira em Ancara Mehmet Ali Sahin, um alto cargo do islamita Justiça e Desenvolvimento (AKP).
O anúncio da candidatura de Erdogan à presidência foi feito em meio a uma grande cerimonia no salão de congressos da câmara de Comércio de Ancara, um ato que contou com a presença de 4 mil membros do AKP e foi retransmitido ao vivo pelas principais emissoras do país.
Sahin, ex-ministro e ex-presidente do parlamento turco, destacou que todos os parlamentares do AKP assinaram a favor da candidatura de Erdogan à presidência.
O primeiro turno das eleições será realizado no próximo dia 10 de agosto e, caso nenhum candidato supere a margem de 50% dos votos, o povo volta às urnas no dia 24 de agosto para a definição do segundo turno.
Após o discurso de Sahin, o próprio Erdogan tomou a palavra para lembrar sua experiência como prefeito de Istambul, seu mérito ao "devolver a autoconfiança" à Turquia e seu êxito ao anular a proibição do véu islamita nas universidades.
"Nunca esquecemos a geografia do islã e, para isso, fizemos nossa política na Palestina, Egito, Somália ou Afeganistão; esta política foi feita por Deus e pela pátria", assegurou. Sublinhando sua fé na proteção divina, Erdogan se descreveu como "herdeiro" dos sultões otomanos.
Além disso, o primeiro-ministro destacou que a instauração das eleições presidenciais por voto popular fechará definitivamente a época de "tutela", em referência ao poder da cúpula militar.
Neste aspecto, Erdogan adiantou que sua prioridade como presidente será uma ampla reforma da Constituição, um projeto que, segundo ele, está sendo desenvolvido há ano, mas que segue bloqueado pela falta de uma maioria parlamentar de dois terços por parte de seu partido.
Erdogan também prometeu lutar com ainda mais força contra o chamado "Estado paralelo", em referência à rede de simpatizantes de seu antigo aliado, o predicador islamita Fethullah Gülen, exilado nos Estados Unidos.
Uma vez eleito como presidente, Erdogan deverá renunciar seus vínculos com o partido que o respalda e ocupa uma posição em grande parte simbólica. No entanto, o atual primeiro-ministro já deixou claro que, como presidente, utilizaria ao máximo as atribuições do cargo.
O principal concorrente de Erdogan nas urnas será Ekmeleddin Ihsanoglu, ex-secretário-geral da Organização da Conferência Islâmica (OCI) e candidato pactuado por dois partidos da oposição, o social-democrata CHP e o nacionalista MHP.
O pró-curdo BDP nomeou seu presidente, Selahattin Demirtas, como candidato para tentar arrancar os votos da esquerda turca, descontente com o perfil religioso de Ihsanoglu.