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Erdogan ameaça abrir fronteiras aos migrantes para a Europa

A declaração foi feita pelo presidente turco, um dia depois de uma votação na Europa que pede o congelamento das negociações de adesão da Turquia à UE

Migração: o acordo com a Turquia sobre os migrantes permitiu reduzir para algumas dezenas o número de pessoas que chegam diariamente às ilhas gregas do Egeu (Getty Images)

Migração: o acordo com a Turquia sobre os migrantes permitiu reduzir para algumas dezenas o número de pessoas que chegam diariamente às ilhas gregas do Egeu (Getty Images)

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AFP

Publicado em 25 de novembro de 2016 às 17h26.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ameaçou nesta sexta-feira abrir as fronteiras para permitir a passagem dos migrantes que desejarem seguir para a Europa, um dia depois de uma votação no Parlamento Europeu que pede o congelamento das negociações de adesão da Turquia à UE.

"Quando 50.000 migrantes se reuniram no posto de fronteira de Kapikule (fronteira turco-búlgara) vocês pediram ajuda. E começaram a perguntar: o que faremos se a Turquia abrir suas fronteiras?", disse Erdogan.

"Ouçam bem. Se seguirem adiante, as fronteiras serão abertas, tenham isto em mente", declarou Erdogan em um discurso em Istambul.

O acordo com a Turquia sobre os migrantes permitiu reduzir para algumas dezenas o número de pessoas que chegam diariamente às ilhas gregas do Egeu, diante das milhares que o faziam durante o verão de 2015.

"Consideramos o acordo entre a Turquia e a União Europeia como um sucesso comum e continuação desse acordo interessa a todos", declarou Ulrike Demmer, porta-voz da chanceler alemã Angela Merkel. "As ameaças de ambos os lados não levam a lugar algum", acrescentou.

As relações ficaram mais tensas nas últimas semanas entre Ancara e Bruxelas, que acusa as autoridades turcas de reprimir a oposição após a tentativa de golpe de Estado em julho.

Este aviso acontece a poucos meses das eleições presidenciais na França e federais na Alemanha, onde a questão migratória terá um papel central.

A Grécia reagiu mostrando preocupação e seu vice-ministro da Defesa, Dimitris Vitsas, declarou que a instrumentalização dos refugiados equivaleria a um "ato de agressão".

"Não cumpriram com suas promessas"

A Comissão Europeia continua estando "plenamente comprometida com a aplicação do acordo UE-Turquia", disse seu porta-voz, Margaritis Schinas.

Em troca do acordo migratório, Ancara pediu uma isenção de vistos para seus cidadãos que viajarem para o espaço Schengen, a abertura de novos parágrafos no processo de adesão à UE e uma ajuda financeira para acolher três milhões de refugiados, incluindo 2,7 milhões de sírios, que estão em solo turco.

Mas o acordo sobre os vistos parou, já que a UE reprova a Turquia não cumprir com os 72 critérios necessários. E Ancara afirma que o acordo migratório não continuará se não avançarem nesta questão.

A Turquia, que acolheu três milhões de refugiados, em sua maioria sírios, acusa os países europeus de não enviarem a ajuda financeira prometida para a acolhida de refugiados, uma afirmação desmentida por Bruxelas.

Além disso, Erdogan repetiu que promulgaria a reinstauração da pena de morte, abolida em 2004, se os deputados assim votarem, apesar das advertências dos dirigentes europeus, que julgam esta medida incompatível com uma adesão à UE.

Respondendo a uma multidão que apelava ao presidente aos gritos de "Queremos a pena de morte", Erdogan declarou: "Quando vocês pedem (a pena capital), esses senhores de incomodam". "O que eu disse? Que validaria essa decisão se passasse pelo Parlamento", acrescentou o chefe de Estado turco em Istambul.

O Parlamento Europeu pediu na quinta-feira, em uma resolução não vinculante, um "congelamento temporário" do processo de adesão iniciado em 2005, devido a "desproporcionada" repressão das autoridades após o frustrado golpe de Estado de 15 de julho.

Mais de 100.000 pessoas, principalmente professores, militares e magistrados, foram detidos, demitidos ou suspensos após a tentativa de golpe, a qual o governo turco acusa o religioso Fethullah Gülen, residente nos Estados Unidos.

Em uma medida sem precedentes desde o início dos expurgos, as autoridades anunciaram nesta sexta-feira a readmissão de mais de 6.000 professores que foram suspensos depois da tentativa de golpe.

Ainda assim, as investigações abertas contra esses docentes "seguem seu curso", afirmou o Ministério da Educação.

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