Atlanta e Londres - As companhias aéreas estão se adaptando a uma realidade da era do ebola: as tripulações estão mantendo os aviões na pista até terem certeza de que a doença de um passageiro não é a do vírus mortal.
Sete voos para Paris, o segundo centro mais ativo da Europa, foram isolados temporariamente para verificação de doenças de passageiros. Especialistas em quarentena dos EUA revisaram o dobro de passageiros doentes nas últimas duas semanas na comparação com um ano atrás e o número de aeroportos que seguirão os passos do Kennedy de Nova York e adicionarão testes de ebola nesta semana se quadruplicará.
Apesar de nenhuma avaliação ter detectado uma infecção com ebola, elas refletem a precaução adicional tomada pelas companhias aéreas e o aumento das tensões para os funcionários.
Os riscos foram acentuados pelo primeiro caso de ebola diagnosticado nos EUA, um liberiano que chegou após passar de avião por Bruxelas, Washington e Dallas.
“Sempre que alguém apresentou sintomas durante um voo, o ebola foi uma das maiores preocupações”, disse T.J. Doyle, diretor médico da STAT-MD, com sede em Pittsburgh, que trabalha com a Delta Air Lines Inc. e cerca de outras vinte operadoras.
A perspectiva de uma infecção com ebola no espaço confinado de um avião também está redirigindo o foco para a limpeza das cabines. Neste mês, os Centros para Controle e Prevenção de Doenças lembraram às equipes de limpeza das companhias aéreas a necessidade de serem meticulosas, especialmente na desinfecção de superfícies próximas de qualquer passageiro doente.
Revisões em Heathrow
O aeroporto Heathrow de Londres começou anteontem a revisar alguns passageiros que chegavam dos países africanos afetados pelo ebola, implementando as precauções mais estritas da Europa. Todos os terminais de Heathrow terão testes até o fim da semana.
Em Londres, o aeroporto de Gatwick e o terminal de St. Pancras de serviços do trem Eurostar de Paris e Bruxelas também adicionarão controles na semana que vem.
O ebola matou mais de 4.000 pessoas até o dia 8 de outubro, quase todas elas na Libéria, em Serra Leoa e na Guiné, na África Ocidental, segundo os CDC.
Nem Heathrow nem os aeroportos americanos têm serviços diretos para os países devastados pelo ebola. Os testes nos EUA e no Reino Unido se focam nos passageiros que fazem conexões, como no caso de Thomas Eric Duncan, o homem infectado com ebola que foi até Dallas pela United Airlines em setembro. Ele morreu na semana passada.
Os testes de voos iniciados na semana passada no aeroporto Kennedy nos EUA abrangem passageiros da Guiné, de Serra Leoa e da Libéria. Os aeroportos Newark Liberty de Nova Jersey, O’Hare de Chicago, Dulles de Washington e Hartsfield de Atlanta serão os próximos a implementar exames de passageiros.
Especialistas em quarentena dos CDC foram chamados 17 vezes para avaliar a doença de passageiros nas duas semanas terminadas em 30 de setembro, segundo o porta-voz Jason McDonald. O número se compara com sete casos do tipo há um ano.
Exames de passageiros
As companhias aéreas estão aplicando o ditado “melhor prevenir do que remediar” à abordagem de doenças suspeitas a bordo.
No dia 13 de outubro, cinco passageiros com sintomas similares aos de uma gripe foram expulsos de um jato da Emirates Airline em Boston, três dias depois de um avião da Delta ter sido retido temporariamente no aeroporto de Las Vegas devido à preocupação de que um passageiro a bordo tivesse ebola.
A STAT-MD, consultora médica que trabalha com companhias aéreas, recebe chamadas de membros de tripulações com frequência. “Temos recebido duas, três ou quatro por dia nos últimos dez dias”, disse Doyle, o diretor médico.
Os aeroportos europeus que ainda têm voos para as regiões da África Ocidental afetadas pelo ebola dependem das revisões no ponto de partida e no caminho.
Entre estes está o aeroporto Charles de Gaulle em Paris, de onde a Air France voa para Conacri, a capital da Guiné. Lá, as precauções contra o ebola se limitam a cartazes que alertam os viajantes sobre a doença.
“A nossa prioridade é lutar contra a propagação do ebola e proteger o público britânico da doença”, disse o governo britânico em um comunicado. “Lamentamos os inconvenientes para os passageiros, mas estamos fazendo o que é correto”.
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1. O que é ebola?
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1/13 (Tommy Trenchard/Reuters)
São Paulo -
Ebola é uma
doença viral aguda que causa febre hemorrágica. É causada por três das cinco espécies dentro do gênero. Duas espécies são capazes de infectar seres humanos, mas não parecem causar a doença. Os outros três podem causar graus variáveis de doença. O vírus Ebola Zaire é a estirpe mais mortal, e tem sido identificada como a causa do surto atual. Em epidemias anteriores, esta estirpe teve uma taxa de mortalidade de 90%.
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2. A origem
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2/13 (Frederick Murphy/CDC/Handout via Reuters)
A origem do vírus é incerta. Mas alguns especialistas acreditam que os morcegos podem abrigar o vírus em seu trato intestinal. Os primeiros seres humanos infectados e que espalharam a doença provavelmente caçaram e comeram um animal infectado.
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3. A epidemia atual
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3/13 (Tommy Trenchard/Reuters)
Este já é considerado o maior surto desde que o vírus ebola foi descoberto há quase 40 anos. O surto foi declarado em março, na Guiné. Desde então, a doença se espalhou para a Libéria, Serra Leoa e Nigéria e matou 60% dos infectados. São 1323 pessoas infectadas e 887 mortes, segundo o último balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 60 mortes foram de trabalhadores de saúde que procuravam controlar a doença.
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4. Os sintomas
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4/13 (AFP)
Após o contágio, o paciente pode demorar até 21 dias antes de manifestar a doença. Os sinais são semelhantes aos da gripe, incluindo dores abdominais, febre, vômitos e diarreia. O quadro se agrava com a desidratação, insuficiência do fígado e dos rins, e hemorragia.
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5. Transmissão
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5/13 (Ahmed Jallanzo/Agência Lusa/Agência Brasil)
O vírus é transmitido diretamente pelo contato direto com sangue ou fluidos corporais dos infectados, inclusive dos mortos. O contágio é maior quando os pacientes já estão em estágios terminais, com hemorragia interna e externa, vômitos e diarreia, que contêm altas concentrações do vírus.
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6. O tratamento
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6/13 (Cellou Binani/AFP)
Não há um remédio específico para a doença. Os sintomas costumam ser tratados separadamente. Por exemplo, o soro intravenoso pode evitar a desidratação, enquanto um antitérmico diminui a febre. Já os analgésicos podem diminuir as dores. Aqueles que têm a doença identificada e recebem tratamento mais cedo têm mais chances de sobreviver à infecção. Infelizmente, como os sintomas são genéricos e parecidos com de outras doenças, o diagnóstico pode demorar.
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7. Como se proteger
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7/13 (AFP)
A melhor forma de se proteger da doença é evitar os locais onde há surto de ebola. Entre as recomendações do ministro da Saúde, Arthur Chioro, para quem tiver de viajar para estes países estão, por exemplo, seguir recomendações que serão dadas pelas autoridades sanitárias locais. Chioro aconselha os viajantes a não entrar em contato com secreções, vômitos e sangue das pessoas que são vítimas das doenças, que devem estar em isolamento e tratamento médico.
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8. Epidemia global
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8/13 (Tommy Trenchard / Reuters)
O risco de o vírus ser disseminado da África para a Europa, Ásia ou para as Américas é extremamente baixo, de acordo com especialistas em doenças infecciosas. O professor belga Peter Piot, um dos descobridores do vírus ebola, descartou uma epidemia fora do continente africano, em entrevista à AFP. Mesmo que um portador do ebola viaje até Europa, Estados Unidos ou outra região da África, o cientista não acredita que isto possa causar uma epidemia importante, pois a infecção requer um contato muito próximo. Mas Piot pediu que as vacinas e os tratamentos, promissores nos animais, sejam testados em humanos.
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9. Vacina experimental
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9/13 (sxc.hu)
Pesquisadores americanos planejam testar, em breve, uma vacina experimental contra o ebola. Se bem sucedida, poderá imunizar até 2015 trabalhadores de saúde, que estão na linha de fogo da epidemia. No próximo mês, os Institutos Nacionais da Saúde dos Estados Unidos começarão os testes em humanos da vacina, que já é promissora nas experiências em macacos.
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10. Fronteiras fechadas
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10/13 (Gary Cameron/Reuters)
Guiné, Libéria e Serra Leoa anunciaram na sexta-feira (2) que vão colocar em quarentena a região fronteiriça comum, onde surgiu o último surto do vírus ebola. O anúncio foi feito durante uma reunião de emergência para discutir a epidemia e depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertar que o ebola pode provocar uma perda catastrófica de vidas e prejuízos econômicos, caso a epidemia não seja controlada.
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11. Não há mercado para a vacina
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11/13 (AFP)
Segundo a AFP, até agora não se conseguiu convencer as companhias farmacêuticas a investir em uma vacina contra o ebola. Andrea Marzi e Heinz Feldmann, do instituto de virologia NIAID, disseram em artigo publicado em abril que, com surtos esporádicos que costumam afetar um pequeno número de pessoas na África, não existe um mercado comercial para uma vacina contra a doença.
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12. Medicação
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12/13 (Samaritans Purse/Divulgação via Reuters)
Herve Raoul, especialista em patógenos e pesquisador do Instituto Médico Francês de Saúde, disse à AFP que o ideal é desenvolver um antiviral que ajude os doentes a superar a fase mais aguda da doença. No entanto, essa medicação não existe hoje. Atualmente, os especialistas só podem aconselhar medidas preventivas, como isolar os infectados, tomar precauções para evitar o contato com fluidos corporais e enterrar os mortos com rapidez.
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13. Agora veja 10 países onde respirar faz mal à saúde
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13/13 (Reuters)