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Equipes de saúde da Libéria ameaçam endurecer greve

Equipes de saúde da Libéria ameaçaram endurecer greve para receber adicional de periculosidade, ante o avanço do ebola


	Menina que pode ter contraído o ebola tem a temperatura verificada em hospital
 (Carl de Souza/AFP)

Menina que pode ter contraído o ebola tem a temperatura verificada em hospital (Carl de Souza/AFP)

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Da Redação

Publicado em 13 de outubro de 2014 às 13h45.

Monróvia - As equipes de saúde da Libéria, o país mais afetado pela epidemia de ebola, ameaçaram nesta segunda-feira endurecer sua greve para conseguir receber um adicional de periculosidade, enquanto os Estados Unidos acompanhavam de perto o segundo caso de contaminação fora da África.

"A partir desta segunda-feira estaremos em greve nacional em todos os hospitais e centros de saúde, incluindo os centros de tratamento do ebola", declarou no domingo à AFP o presidente do sindicato do setor, Joseph Tamba.

Na Libéria morreram 2.316 das 4.033 vítimas do ebola em sete países, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

As equipes médicas são muito vulneráveis: 201 profissionais de saúde contraíram a doença na Libéria, 95 dos quais morreram, segundo a OMS.

Dezenas de doentes faleceram na clínica Island de Monróvia, a capital, desde o início da greve, na sexta-feira, indicou um representante dos funcionários.

No entanto, a situação continua sendo difícil de avaliar, já que as autoridades liberianas proibiram o acesso aos hospitais da maioria dos meios de comunicação.

Nos Estados Unidos, as autoridades de saúde confirmaram no domingo a primeira infecção por ebola no país. A doente americana, que pediu o anonimato, é uma trabalhadora de saúde do hospital Texas Health de Dallas, onde na semana passada um liberiano infectado pelo vírus morreu.

Ela formava parte da equipe que tratou o liberiano e o contágio é atribuído a uma falha no protocolo de proteção.

Não existe nenhuma vacina ou tratamento homologado contra o vírus, que é transmitido por contato direto com fluidos corporais quando o doente desenvolveu os sintomas (febre, vômitos, dores). A equipe médica deve utilizar um uniforme de proteção para evitar o contágio.

"Ignoramos o que ocorreu (...) mas, em certo momento, houve uma falha no protocolo que causou a infecção", afirmou o diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, em inglês), Thomas Frieden.

A doente disse, por sua vez, ter respeitado o protocolo e afirmou que utilizava o equipamento recomendado pelo CDC (máscara, luvas e uniforme de proteção). No domingo estava em um estado estável com leves sintomas e uma febre fraca, segundo fontes médicas.

Outro doente americano, o cinegrafista da NBC Ashoka Mukpo, infectado na Libéria, está melhorando muito.

"Responde aos tratamentos", disse no domingo o médico Phil Smith, do Nebraska Medical Center de Omaha, onde está internado.

A funcionária de saúde americana é a segunda pessoa contaminada fora da África, depois da espanhola Teresa Romero, uma auxiliar de enfermagem de 44 anos que contraiu o vírus ao cuidar de um missionário repatriado de Serra Leoa com a doença. Esta última pode ter sido infectada ao tocar o rosto com uma luva infectada, segundo o hospital onde foi internada na última segunda-feira.

Seu estado de saúde melhora com uma diminuição da carga viral, anunciou no domingo Fernando Simón, coordenador do centro de alertas e emergências sanitárias.

"Há grandes esperanças de que a infecção esteja em processo de controle" porque não tem mais febre, indicou, lembrando que seu estado seguia grave, mas estável.

O diretor do hospital de Madri Carlos III, onde estão internados todos os que tiveram contato com Teresa Romero, disse nesta segunda-feira que a Espanha terá superado o risco de ebola no dia 27 de outubro se, na ocasião, nenhuma destas pessoas apresentar sintomas.

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