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Equador terá ajuda contra ciberataques após prisão de Assange

Desde a última quinta-feira, os servidores e páginas equatorianas foram alvo de mais de 40 milhões de ataques

Julian Assange: fundador do WikiLeaks foi preso na última quinta-feira (Jack Taylor/Getty Images)

Julian Assange: fundador do WikiLeaks foi preso na última quinta-feira (Jack Taylor/Getty Images)

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EFE

Publicado em 16 de abril de 2019 às 07h17.

Quito — O Equador buscará assistência internacional para repelir ondas de ataques cibernéticos como os que está sofrendo desde que suspendeu o asilo do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, e o entregou às autoridades britânicas.

"Sim, vamos receber ajuda, efetivamente pelo fato que começamos a ter ataques e recebemos ligações de outros Estados para oferecer apoio", declarou o vice-ministro de Tecnologias da Informação e Comunicação equatoriano, Patricio Real.

Por sua vez, o subsecretário de Governo Eletrônico do Ministério de Telecomunicações (Mintel), Javier Jara, confirmou que um desses países é Israel, que tem as empresas mais avançadas em segurança na internet e sofre diariamente este tipo de ataque.

Fontes da embaixada de Israel em Quito não confirmaram à Agência Efe em que consistirá essa ajuda ou quais empresas darão assessoria para a implementação de políticas de segurança cibernética no Equador.

Desde a última quinta-feira, os servidores e páginas equatorianas foram alvo de mais de 40 milhões de ataques, e a suspeita é que tenham sido disparados por grupos e seguidores de Assange, do WikiLeaks e da rede de hackers Anonymous.

"Somos Anonymous. Não esquecemos. Estamos hackeando os sistemas do governo de Lenín Moreno", dizia a mensagem divulgada no sábado por um indivíduo mascarado com sotaque espanhol, antes de revelar uma suposta conta do presidente equatoriano na Suíça, onde ele viveu há alguns anos.

O dano da ofensiva se reduziu, por enquanto, à implantação em uma página oficial de um governo local de uma fotografia de Assange com o polegar levantado, tirada no dia em que foi indiciado em Londres.

Os ataques foram originados principalmente de Brasil, Estados Unidos, Holanda, Alemanha, Romênia, França, Áustria e Reino Unido, mas também do território equatoriano, mas isso não significa que os seus autores se encontrem fisicamente nesses países.

Segundo o secretário particular da presidência equatoriana, Juan Sebastián Roldán, os ataque não alcançaram seu objetivo "porque o governo estava preparado".

"O Comando Conjunto das Forças Armadas tem uma delegação que cuidou para que não acontecesse nada", ao se referir à situação que o país vive desde que retirou o asilo de Assange após quase sete anos vivendo na embaixada equatoriana em Londres.

Assange entrou na delegação equatoriana para evitar sua extradição à Suécia, que na época solicitava sua entrega por supostos crimes sexuais.

Agora, está detido em Londres, à espera de uma decisão sobre uma eventual extradição aos Estados Unidos, onde pode ser condenado a décadas de prisão, já que é acusado de "conspiração para infiltrar-se em computadores" governamentais a fim de obter informação confidencial.

Cobrado para explicar ao mundo suas decisões no caso Assange, o governo equatoriano alegou que o fundador do WikiLeaks ameaçou o país.

"Um mês antes, disse ao embaixador que tivesse cuidado com as decisões do Equador porque ele poderia ativar alguns botões. Não sabíamos se eram físicos, tecnológicos... No entanto, tinha nos ameaçado algumas vezes", explicou Roldán.

Nos últimos cinco dias, o Equador sofreu "mais ataques que em toda a sua história conjunta", acrescentou.

A chancelaria, o Banco Central, a presidência, o Ministério do Interior, o Serviço de Rendas Internas, a empresa pública de telecomunicações CNT e vários governos regionais foram os alvos favoritos desses ataques, mas não os únicos.

Todo o caso está sob investigação junto com o de uma suposta rede de espionagem dentro do Equador, que já provocou a detenção de uma pessoa, enquanto outras duas estão sendo investigadas.

A detida é a sueca Ola Bini, residente no Equador e que, segundo o governo, visitou Assange 14 vezes, a última em janeiro. Por sua vez, os investigados são dois hackers de nacionalidade russa.

O governo de Moreno suspeita que todos eles estivessem envolvidos na obtenção de informação confidencial através de pirataria eletrônica.

Os responsáveis pelos ataques dos últimos dias estariam tentando provocar "uma guerra informática", tentando atingir "distintos setores estratégicos".

"Muito possivelmente continuarão a atacar", declarou o secretário antes de defender que o Equador não vai mais permitir a "chantagem" a que Assange submeteu seu país para evitar o fim do asilo.

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