A propagação do vírus ebola, que assola a África Ocidental, ganha força e autoridades internacionais de saúde não acreditam em uma solução para acabar com a epidemia em menos de seis meses, advertiu nesta quarta-feira a Organização Mundial da Saúde (OMS).
"De acordo com o último relatório desta semana, temos mais de 3500 casos confirmados em Guiné, Serra Leoa e Libéria, e mais de 1900 mortos", disse Chan em uma entrevista coletiva, acrescentando que a epidemia "está avançando".
Chan disse que a transmissão do vírus ebola pode ser interrompida nos próximos seis ou nove meses, graças à resposta internacional.
"Esperamos que, com uma resposta internacional coordenada, a captação de recursos e a chegada de especialistas, consigamos conter a transmissão no prazo de seis a nove meses", acrescentou.
Citando o roteiro para combater a epidemia anunciado na semana passada, Chan explicou que "a organização internacional quer inverter a tendência de infecção no período de três meses nos três países em que o surto de ebola é mais intenso (Guiné, Libéria e Serra Leoa)."
Em relação ao Senegal e à República do Congo, que registram casos isolados de ebola, a diretora-geral disse que tentará "conter esta transmissão em oito semanas." Estes casos não estão relacionados com a epidemia que assola os outros três países da África Ocidental e, em menor medida, a Nigéria.
David Nabarro, coordenador da ONU para o ebola, estimou a ajuda necessária para ajudar os países afetados em "pelo menos 600 milhões de dólares ou talvez mais".
Para ele, o verdadeiro desafio é permitir que os profissionais de saúde possam voltar ao trabalho nesses países. Para isso, é preciso fornecer materiais e equipamentos, assim como dinheiro para pagá-los.
Dificuldades alimentares
As autoridades não são otimistas em relação à alarmante progressão da epidemia de ebola, a pior desde a descoberta da doença, em 1976.
Neste sentido, Tom Frieden, diretor dos Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos Estados Unidos, avaliou na terça-feira que o momento no qual é possível impedir o avanço da doença antes que ela se torna mais difícil de controlar está "quase chegando ao fim".
A organização "Médicos sem Fronteiras" também não está otimista. O mundo está "perdendo a batalha" contra a progressão da epidemia, disse o presidente da entidade, Joanne Liu, em um discurso na ONU, também na terça-feira.
O risco de escassez de alimentos nos países mais afetados pelo vírus ebola pode complicar ainda mais os esforços para combater a epidemia, considerou a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
Mais uma prova do risco a que estão expostos os profissionais de saúde, uma instituição de caridade anunciou na terça-feira que um outro médico dos Estados Unidos tinha sido infectado na Libéria, tornando-se o terceiro americano a contrair a doença na África. Os dois primeiros receberam alta recentemente.
"Em muitas manhãs eu acordava e agradecia por estar viva, mas muitas vezes senti que não sobreviveria", disse nesta quarta-feira a americana Nancy Writebol, que sobreviveu à doença.
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1. O que é ebola?
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1/13 (Tommy Trenchard/Reuters)
São Paulo -
Ebola é uma
doença viral aguda que causa febre hemorrágica. É causada por três das cinco espécies dentro do gênero. Duas espécies são capazes de infectar seres humanos, mas não parecem causar a doença. Os outros três podem causar graus variáveis de doença. O vírus Ebola Zaire é a estirpe mais mortal, e tem sido identificada como a causa do surto atual. Em epidemias anteriores, esta estirpe teve uma taxa de mortalidade de 90%.
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2. A origem
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2/13 (Frederick Murphy/CDC/Handout via Reuters)
A origem do vírus é incerta. Mas alguns especialistas acreditam que os morcegos podem abrigar o vírus em seu trato intestinal. Os primeiros seres humanos infectados e que espalharam a doença provavelmente caçaram e comeram um animal infectado.
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3. A epidemia atual
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3/13 (Tommy Trenchard/Reuters)
Este já é considerado o maior surto desde que o vírus ebola foi descoberto há quase 40 anos. O surto foi declarado em março, na Guiné. Desde então, a doença se espalhou para a Libéria, Serra Leoa e Nigéria e matou 60% dos infectados. São 1323 pessoas infectadas e 887 mortes, segundo o último balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 60 mortes foram de trabalhadores de saúde que procuravam controlar a doença.
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4. Os sintomas
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4/13 (AFP)
Após o contágio, o paciente pode demorar até 21 dias antes de manifestar a doença. Os sinais são semelhantes aos da gripe, incluindo dores abdominais, febre, vômitos e diarreia. O quadro se agrava com a desidratação, insuficiência do fígado e dos rins, e hemorragia.
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5. Transmissão
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5/13 (Ahmed Jallanzo/Agência Lusa/Agência Brasil)
O vírus é transmitido diretamente pelo contato direto com sangue ou fluidos corporais dos infectados, inclusive dos mortos. O contágio é maior quando os pacientes já estão em estágios terminais, com hemorragia interna e externa, vômitos e diarreia, que contêm altas concentrações do vírus.
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6. O tratamento
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6/13 (Cellou Binani/AFP)
Não há um remédio específico para a doença. Os sintomas costumam ser tratados separadamente. Por exemplo, o soro intravenoso pode evitar a desidratação, enquanto um antitérmico diminui a febre. Já os analgésicos podem diminuir as dores. Aqueles que têm a doença identificada e recebem tratamento mais cedo têm mais chances de sobreviver à infecção. Infelizmente, como os sintomas são genéricos e parecidos com de outras doenças, o diagnóstico pode demorar.
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7. Como se proteger
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7/13 (AFP)
A melhor forma de se proteger da doença é evitar os locais onde há surto de ebola. Entre as recomendações do ministro da Saúde, Arthur Chioro, para quem tiver de viajar para estes países estão, por exemplo, seguir recomendações que serão dadas pelas autoridades sanitárias locais. Chioro aconselha os viajantes a não entrar em contato com secreções, vômitos e sangue das pessoas que são vítimas das doenças, que devem estar em isolamento e tratamento médico.
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8. Epidemia global
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8/13 (Tommy Trenchard / Reuters)
O risco de o vírus ser disseminado da África para a Europa, Ásia ou para as Américas é extremamente baixo, de acordo com especialistas em doenças infecciosas. O professor belga Peter Piot, um dos descobridores do vírus ebola, descartou uma epidemia fora do continente africano, em entrevista à AFP. Mesmo que um portador do ebola viaje até Europa, Estados Unidos ou outra região da África, o cientista não acredita que isto possa causar uma epidemia importante, pois a infecção requer um contato muito próximo. Mas Piot pediu que as vacinas e os tratamentos, promissores nos animais, sejam testados em humanos.
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9. Vacina experimental
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9/13 (sxc.hu)
Pesquisadores americanos planejam testar, em breve, uma vacina experimental contra o ebola. Se bem sucedida, poderá imunizar até 2015 trabalhadores de saúde, que estão na linha de fogo da epidemia. No próximo mês, os Institutos Nacionais da Saúde dos Estados Unidos começarão os testes em humanos da vacina, que já é promissora nas experiências em macacos.
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10. Fronteiras fechadas
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10/13 (Gary Cameron/Reuters)
Guiné, Libéria e Serra Leoa anunciaram na sexta-feira (2) que vão colocar em quarentena a região fronteiriça comum, onde surgiu o último surto do vírus ebola. O anúncio foi feito durante uma reunião de emergência para discutir a epidemia e depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertar que o ebola pode provocar uma perda catastrófica de vidas e prejuízos econômicos, caso a epidemia não seja controlada.
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11. Não há mercado para a vacina
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11/13 (AFP)
Segundo a AFP, até agora não se conseguiu convencer as companhias farmacêuticas a investir em uma vacina contra o ebola. Andrea Marzi e Heinz Feldmann, do instituto de virologia NIAID, disseram em artigo publicado em abril que, com surtos esporádicos que costumam afetar um pequeno número de pessoas na África, não existe um mercado comercial para uma vacina contra a doença.
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12. Medicação
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12/13 (Samaritans Purse/Divulgação via Reuters)
Herve Raoul, especialista em patógenos e pesquisador do Instituto Médico Francês de Saúde, disse à AFP que o ideal é desenvolver um antiviral que ajude os doentes a superar a fase mais aguda da doença. No entanto, essa medicação não existe hoje. Atualmente, os especialistas só podem aconselhar medidas preventivas, como isolar os infectados, tomar precauções para evitar o contato com fluidos corporais e enterrar os mortos com rapidez.
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13. Agora veja 10 países onde respirar faz mal à saúde
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13/13 (Reuters)