MERKEL E PUTIN EM 2016: projeto de novos dutos de gás podem ampliar “influência maligna” da Rússia na Europa, segundo EUA / Alexander Aksakov/ Getty Images (Alexander Aksakov/Getty Images)
EXAME Hoje
Publicado em 18 de maio de 2018 às 07h06.
Última atualização em 18 de maio de 2018 às 07h34.
A chanceler alemã, Angela Merkel, visita nesta sexta-feira o recém-reeleito presidente russo, Vladimir Putin, na cidade balneária de Sochi. Temas importantes a serem tratados não faltam: a recente onda de violência em Gaza, a resposta europeia à saída americana do acordo nuclear com o Irã, o eterno conflito na Ucrânia, e, principalmente, a construção de uma linha de gás entre a Rússia e a Alemanha. É a primeira visita de Merkel a Putin em um ano.
A construção dos dutos de gás, projeto batizado de Nord Stream 2, mostram como geopolítica e economia estão relacionados na Europa. Com capacidade de 55 bilhões de metros cúbicos, os dutos são essenciais para a sustentabilidade econômica da Alemanha, a maior importadora de gás do planeta, mas passam por territórios conflagrados. Pelo acordo inicial, a Ucrânia receberia 3 bilhões de euros por ano para permitir a passagem da tubulação.
Mas Merkel tem dito que não pode levar o projeto à frente sem uma definição sobre o futuro político do país. A Ucrânia teve a região da Crimeia invadida pela Rússia em 2014 e, desde então, a líder alemã é uma das mais duras defensoras de novas sanções econômicas e políticas contra Moscou. O próprio governo da Ucrânia afirma que o projeto viola a definição de sanções contra a Rússia.
Em recente visita a Berlim, a secretária americana Sandra Oudkirk afirmou que seu país é contra o projeto porque pode expandir a “influência maligna” da Rússia sobre a Europa. “Adoraríamos que o projeto não fosse adiante”, disse, Oudkirk.
Merkel também deve usar o encontro para cobrar uma postura mais ativa de Putin para encerrar o conflito na Síria e para que o Irã mantenha seus compromissos com o acordo nuclear. Merkel disse que ontem que a guerra na Síria não pode terminar “sem Rússia, Turquia, Irã, Arábia Saudita, Jordânia e, basicamente, sem a Europa”. ONGs de direitos humanos cobram da presidente alemã também uma postura mais ativa para o fim de detenções políticas no país, que voltaram a ganhar força na campanha de reeleição de Putin, em março.