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Entre imigrantes e aliados: Merkel encurralada

O momento é decisivo: nesta semana termina um prazo para que a chanceler tome posturas mais rígidas quanto à entrada de imigrantes no país

Merkel:  chanceler pode estar com os dias contados caso os conservadores cristãos deixem a base de governo nos próximos dias (Axel Schmidt/Reuters) (Axel Schmidt/Reuters)

Merkel: chanceler pode estar com os dias contados caso os conservadores cristãos deixem a base de governo nos próximos dias (Axel Schmidt/Reuters) (Axel Schmidt/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 2 de julho de 2018 às 04h08.

Última atualização em 2 de julho de 2018 às 07h31.

Se o atual governo da chanceler alemã Angela Merkel nasceu complicado, com meses de indefinição para formar a base aliada, as coisas não parecem estar melhorando. Neste domingo, o ministro do Interior de sua gestão, Horst Seehofer, líder do partido conservador União Social Cristã (CSU), com bastante influência na região da Bavária, se ofereceu para renunciar ao cargo diante de desentendimentos com Merkel sobre a questão migratória na Alemanha.

O momento é decisivo: nesta semana termina um prazo dado por Seehofer a Merkel para que a chanceler tome posturas mais rígidas quanto à entrada de imigrantes no país — a consequência seria a saída da CSU da base de governo, que conta ainda com o partido de Merkel, a União Democrata Cristã (CDU), e o Partido Social Democrata (SPD), de centro-esquerda.

Seehofer e a CSU exigiam que Merkel impedisse que imigrantes registrados em outros países da União Europeia pudessem entrar na Alemanha. O problema, segundo Merkel, é que barrar essas pessoas na fronteira poderia gerar um efeito dominó de controle de fronteiras na Europa, o que ameaçaria a livre circulação de pessoas, tão cara ao bloco.

Além de gerar uma sobrecarga de imigrantes em países como Espanha, Itália e Grécia, por onde geralmente os imigrantes chegam ao continente. Em uma reunião da União Europeia, realizada no final da última semana, Merkel concordou com um sistema de redistribuição dos imigrantes.

A própria formação do governo foi conturbada o bastante, desde que CDU, CSU e o SPD tiveram o pior desempenho nas eleições alemãs do ano passado desde o final da Segunda Guerra e o partido ultra-conservador Alternativa para Alemanha (AfD) se sobressaiu. A contragosto e sem outras opções viáveis, o SPD aceitou fazer parte da coalizão de governo novamente, para evitar novas eleições. Mas, para a CSU, o receio agora é que nas eleições da Bavária, em outubro, o AfD conquiste uma margem maior dos votos em uma região tradicional para os conservadores cristãos, daí o motivo de exercer maior pressão em Merkel.

Sem as cadeiras da CSU, Merkel deixaria de ter maioria no parlamento e novas eleições seriam marcadas dentro dos próximos meses. Alguns já falam que Merkel poderia perder o cargo dentro das próximas semanas. 

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