Vaticano é a única monarquia com eleições no mundo (Tony Gentile/Reuters)
Publicado em 5 de fevereiro de 2025 às 11h16.
O Vaticano é a única monarquia absolutista do mundo onde o chefe de Estado é escolhido por meio de um processo eleitoral. Sede da Igreja Católica, ele é governado pelo papa, que detém poder absoluto sobre o território e suas instituições. Diferente de outras monarquias, onde o poder é herdado, nesta o papa é eleito por um colégio de cardeais chamado de conclave, segundo o site Britannica.
Este sistema único mistura elementos teocráticos, eleitorais e monárquicos, mantendo tradições que remontam há séculos.
É importante lembrar que o Vaticano é considerado um Estado devido à sua soberania, território definido e governo independente, com reconhecimento pleno pela comunidade internacional. Embora o seja um centro religioso, ele também cumpre os requisitos de um Estado soberano, tendo sua própria estrutura política, leis e governança.
Considerado um enclave dentro de Roma, com uma área de apenas 44 hectares, ele foi estabelecido oficialmente como um Estado soberano com a assinatura dos Tratados de Latrão em 1929, entre a Santa Sé e o Reino da Itália.
Estes reconhecem a independência do local e garantem que ele tenha total autonomia em relação ao governo italiano. A Santa Sé, por sua vez, é a entidade governante da Igreja Católica, que, apesar de ser religiosa, possui soberania de governá-lo e representar seus interesses diplomáticos no cenário global.
Assim, o Vaticano cumpre todas as funções de um Estado:
O papa, como chefe de Estado do Vaticano e líder da Igreja Católica, tem autoridade absoluta sobre o governo e as decisões políticas, religiosas e administrativas do país. Sua figura concentra o poder executivo, legislativo e judicial, sendo a última instância em qualquer decisão estatal.
Além do papa, há outros órgãos políticos no Vaticano:
A eleição do representante máximo do Vaticano acontece no conclave — reunião secreta realizada na Capela Sistina — após a morte ou renúncia do pontífice. O processo segue regras rigorosas:
O novo papa é anunciado ao público com a famosa frase "Habemus Papam", e ele assume imediatamente o cargo. Não há um mandato fixo; o papa governa até sua morte ou renúncia.
A renúncia de um papa é um evento extremamente raro na história da Igreja Católica. Ao longo de mais de dois mil anos, apenas dois renunciaram voluntariamente.
O primeiro foi o Papa Celestino V, em 1294. Celestino V, que foi eleito papa aos 80 anos, renunciou após apenas cinco meses de pontificado, alegando sua falta de experiência para governar a Igreja.Sua renúncia gerou grande surpresa e foi seguida de um período de crise na Igreja, até que seu sucessor, Bonifácio VIII, assumisse.
O segundo caso recente foi o Papa Bento XVI, que renunciou em 2013, após quase oito anos de papado. O pontífice alegou razões de saúde e a incapacidade de cumprir as exigências do cargo devido à sua idade avançada.Sua renúncia gerou um grande debate, já que era uma decisão inédita no contexto moderno, e o fato de um papa abdicar do cargo levantou questões sobre o futuro do papado.
A figura de uma papisa é um tema envolto em mitos e controvérsias. Segundo algumas lendas, houve uma mulher que assumiu o papado disfarçada de homem durante o século IX, conhecida como Papa Joana, de acordo com o site Britannica.
A história, no entanto, não é reconhecida oficialmente pela Igreja Católica, sendo considerada uma fábula ou uma invenção medieval. De acordo com a lenda, Joana teria sido uma mulher educada, que se disfarçou de homem e foi eleita papa, mas acabou sendo descoberta após dar à luz durante uma procissão papal.
Apesar de diversas fontes históricas relatarem a história, a Igreja nunca confirmou a existência de uma papisa, e a maioria dos estudiosos considera a história uma ficção.
Não há registros históricos confiáveis que comprovem que uma mulher tenha realmente governado a Igreja Católica como papa. De qualquer forma, o mito da papisa Joana persiste como um elemento fascinante nas narrativas sobre o papado.
O Vaticano mantém um sistema político único no mundo, mesclando tradição monárquica com um processo eleitoral restrito. Entender esse modelo ajuda a compreender a influência histórica e política da Igreja Católica, além de sua relevância na geopolítica global.
A eleição do papa é um evento de grande impacto mundial, atraindo a atenção de milhões de pessoas e moldando o futuro da Igreja e das relações diplomáticas do Vaticano.