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Entenda as eleições gerais desta quinta-feira no Reino Unido

O país vai às urnas para eleger um novo Parlamento e um novo governo, após uma campanha eleitoral influenciada por erros inesperados e ataques terroristas

Theresa May: a primeira-ministra britânica anunciou no dia 18 de abril, que pediria ao congresso antecipação das eleições (Eddie Keogh/Reuters)

Theresa May: a primeira-ministra britânica anunciou no dia 18 de abril, que pediria ao congresso antecipação das eleições (Eddie Keogh/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de junho de 2017 às 17h31.

Londres - O Reino Unido vai às urnas nesta quinta-feira para eleger um novo Parlamento e um novo governo, após uma campanha que pode ser dividida em três fases: a eleição sonolenta, a eleição surpreendente e a eleição segura.

O que inicialmente parecia ser uma campanha maçante transformou-se em uma campanha marcada por erros inesperados e, posteriormente, foi influenciada por ataques surpresas que resultaram na morte de cidadãos, com a segurança nacional empurrada para o topo da agenda.

Por que há uma eleição?

Essa foi uma pergunta que muitos cidadãos britânicos fizeram quando a primeira-ministra Theresa May anunciou, em 18 de abril, que pediria ao Congresso a antecipação das eleições três anos mais cedo.

Os eleitores foram às urnas pela última vez em 2015 e, e, junho de 2016, votaram a favor da saída do Reino Unido da União Europeia em um plebiscito. A última coisa que muitos britânicos queria era outra campanha divisionista.

No entanto, o período parecia propício na visão de May. Ela se tornou primeira-ministra por meio de uma disputa pela liderança do Partido Conservador, quando David Cameron, seu antecessor, renunciou após o resultado do plebiscito ser revelado.

Uma eleição antecipada lhe daria a chance de ter um mandato pessoal por parte dos eleitores. Com as pesquisas sugerindo vantagem ao Partido Conservador, parecia provável que May aumentasse sua maioria no Parlamento e fortalecesse sua posição nas negociações do Brexit com a UE.

Quem são os candidatos?

No lado azul, a cor tradicional do Partido Conservador, está Theresa May, uma parlamentar de 60 anos, conhecida por ser uma operadora tranquila e eficaz.

Antes advogada pela continuidade na UE, agora ela promete prosseguir com o Brexit, além de prometer uma redução da imigração e o estabelecimento de um acordo comercial com os vizinhos europeus.

No lado vermelho, está a oposição do Partido Trabalhista, de Jeremy Corbyn, um líder socialista de 68 anos de idade, que foi eleito pelos membros do partido há dois anos, para o desgosto de muitos legisladores trabalhistas, que queriam alguém mais centrista no comando.

Críticos afirmam que Corbyn, defensor da nacionalização e de outras políticas antigas de esquerda, deixou o partido com uma visão antiquada. Os defensores o veem como uma alternativa autêntica aos conservadores a favor dos negócios e de cortes no orçamento.

Entre os partidos pequenos, está o pró-independência Partido Nacional Escocês, que tenta repetir a quantidade de assentos que obteve em 2015, assim como o pró-UE Partido Liberal Democrata.

Quais são as grandes questões?

O Brexit, assunto tido, anteriormente, como esperado para dominar a campanha, teve, surpreendentemente, um pequeno papel. Trabalhistas e conservadores dizem que vão continuar com a separação britânica da UE e, em seguida, procurar uma relação o mais próximo possível com o bloco europeu. Nenhuma das partes forneceu muitos detalhes sobre como conseguirão isso.

Os estágios iniciais das eleições apontaram para uma coroação de May e dos conservadores, sob o slogan "Governo forte e estável". Mas logo a campanha contra a austeridade por parte de Corbyn ressoou em muitos eleitores, especialmente nos jovens. O Partido Trabalhista prometeu que irá governar "para muitos, e não poucos" e pintou com sucesso que as eleições serão uma escolha entre duas visões de sociedade.

O estilo de campanha rigidamente controlado de May, que a viu conversando principalmente com grupos de apoiadores, começou a irritar alguns eleitores.

E, então, o partido produziu um manifesto eleitoral, que deu munição a críticos, após uma ala do partido propor que custos com saúde de longo prazo fossem aumentados - o que foi chamado pelos adversários de "imposto demente". May, então, recuou na política e minou o seu mantra de "forte e estável".

Qual o papel do terrorismo?

Dois ataques terroristas mortais transformaram a campanha e empurraram a segurança para o topo da agenda. A explosão de 22 de maio em um show da cantora pop Ariana Grande em Manchester deixou 22 mortos e parou a campanha por alguns dias.

Quando foi retomada, May estava enfrentando questionamentos sobre seu período enquanto ministra do Interior, entre 2010 e 2016, quando foram cortados os orçamentos da política e o número de funcionários caiu quase 20 mil.

Após três atiradores terem matado três pessoas em uma van e com uma faca em torno da London Bridge no sábado, May disse que "basta" e prometeu reprimir o extremismo, mesmo que isso signifique diluir as leis de direitos humanos.

Opositores apontaram que ela estava no comando da polícia e do serviço de segurança doméstica quando os ataques de Manchester e de Londres aconteceram.

Quem irá ganhar?

Quando a campanha começou, os conservadores alcançaram 20 pontos de vantagem nas pesquisas de opinião. Levantamentos mais recentes ainda apontam para uma vitória de May, mas não necessariamente com a vantagem que ela procurava.

As últimas pesquisas variam entre uma vantagem conservadora, com resultados projetados que variam de uma maioria conservadora de mais de 100 parlamentares para um "Parlamento suspenso", em que nenhum partido tem maioria.

A diferença depende, em grande parte, do tamanho da participação dos jovens, tradicionalmente os menos prováveis a votar.

Na quinta-feira, as urnas abrem às 7h e fecham às 22h (horários locais). Os resultados devem ser conhecidos nas primeiras horas de sexta-feira.

Fonte: Associated Press.

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