Usina Hidrelétrica: AES Tietê também tem interesse na hidrelétrica Três Irmãos, atualmente operada pela Cesp, mas que será licitada no ano que vem (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 3 de outubro de 2013 às 14h41.
Bariri - O preço viável para viabilizar novos projetos termelétricos a gás natural nos leilões de energia do governo deve ser de 140 reais por megawatt-hora (MWh) a 150 reais por MWh, considerando os preços de gás natural hoje praticados, de 13 a 14 dólares por milhão de BTU, disse executivo da AES Tietê.
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que planeja a expansão da matriz elétrica, estabelece um Custo de Valor Unitário (CVU) de 105 reais por MWh para a participação de térmicas nos leilão de energia A-5, marcado para dezembro. O CVU serve de base para a formação do preço da energia das usinas.
"O preço de gás equivalente para esse preço seria entre 5 e 6 dólares por milhão de BTU", disse nesta quinta-feira o presidente da AES Tietê, Britaldo Soares, a jornalistas, durante o AES Tietê Day, na hidrelétrica Bariri (SP).
Ele acrescentou que, a esses preços atuais do gás natural, a viabilização de novas térmicas em leilões fica mais favorável às térmicas localizadas "na boca do poço", ou seja, próximas do poço de exploração do combustível -- o que seria o caso da Eneva, ex-MPX.
A AES Tietê tem dois projetos novos de geração de energia termelétrica a gás --Termo São Paulo e Termo Araraquara-- mas ainda não conseguiu garantir o combustível para as térmicas, o que é requisito para habilitação nos leilões.
Britaldo voltou a sugerir que a comprovação de garantia de gás exigida nos leilões ocorra apenas para os projetos vencedores --e não para todos os projetos interessados em participar, conforme ocorre atualmente.
O executivo disse que a empresa mantém como prioridade atender a obrigação estabelecida pela AES Tietê com o governo do Estado no contrato de concessão, que prevê expansão da capacidade instalada em 15 por cento com os projetos térmicos.
Mas a AES Tietê também tem interesse na hidrelétrica Três Irmãos, atualmente operada pela Cesp, mas que será licitada no ano que vem, e que poderia contribuir para atender a obrigação de expansão.
"Com as nossas estruturas operacionais, ela tem total sinergia", disse Britaldo, ponderando que aguarda o edital de licitação da usina para avaliar se entra na disputa.
Despacho térmico em 2014
A AES Tietê espera que a geração termelétrica média em 2014 fique entre 9 gigawatts (GW) médios e 10 GW médios no Brasil, se o regime de chuvas se situar dentro da média e considerando a nova metodologia que define o despacho das térmicas.
"Se tiver um período de chuva normal, o cenário que estamos trabalhando é entre 9 GW e 10 GW", disse Britaldo.
Em 2013, em média, o despacho térmico mensal deve ficar em cerca de 12 GW médios, segundo o executivo.
Após um período de reservatórios das hidrelétricas em níveis recordes de baixa desde outubro de 2012, houve mudanças nas regras que determinam o despacho de térmicas para aumentar a segurança no abastecimento de energia do país. Assim, o despacho de térmicas tende a ocorrer mais constantemente na base do sistema, em caráter mais preventivo.
"Esse é o ponto em que o Brasil se tornou um sistema hidrotérmico", disse o diretor-geral da Geração da AES Tietê, Ítalo Freitas Filho.
Mercado livre
A AES Tietê quer ter 10 por cento de participação no mercado de energia elétrica livre até o fim de 2015. Atualmente, a fatia da empresa é de 4 por cento, considerando os 455 megawatts médios comercializados no mercado livre até junho, para serem entregues a partir de 2016.
A empresa tem uma carteira de 45 clientes, mas vê chance de chegar a cerca de 100 até o início de 2016, segundo o vice-presidente de Mercado e Desenvolvimento Corportativo da AES Tietê, Francisco Morandi.
Toda a energia assegurada da AES Tietê, no total de 1.268 MW médios, está comprometida em contrato com a distribuidora do grupo, AES Eletropaulo até fim de 2015. A partir de 2016, a empresa quer colocar essa energia no mercado livre.
O preço da energia hoje comercializada com a Eletropaulo é de 197 reais por MWh, acima da média que está sendo negociado no mercado livre, entre 110 e 130 reais por MWh, segundo consenso de mercado mencionado por Britaldo Soares.
"Essa energia (da AES Tietê no mercado livre) está sendo comercializada a preços mais baixos. Mas 197 hoje é mais barato que PLD (Preço de Liquidação de Diferenças, que serve como base para a formação de preços em contratos no curto prazo)", ponderou Britaldo, quando questionado sobre queda de receita da AES Tietê com a descontratação de energia com a Eletropaulo. (Por Anna Flávia Rochas)