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Energia solar concentrada é oportunidade para países do Sul

Até 2050, energia solar deve representar 10% da produção mundial de eletricidade

Forno solar de Odeillo, nos Pirineus: países no norte de África, Austrália, Índia, África do Sul, Espanha e Portugal poderão abrigar centrais termodinâmicas (Raymond Roig/AFP)

Forno solar de Odeillo, nos Pirineus: países no norte de África, Austrália, Índia, África do Sul, Espanha e Portugal poderão abrigar centrais termodinâmicas (Raymond Roig/AFP)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.

Perpignan, França - A energia solar concentrada, produzida por centrais dotadas de espelhos que refletem os raios do Sol para acionar uma turbina, pode mudar o mapa energético mundial, segundo estimativas de cerca de 800 especialistas de mais de 40 países reunidos no seminário Solarpaces, realizado em Perpignan (sul da França).

Até 2050, este tipo de energia renovável poderá representar cerca de 10% da produção mundial de eletricidade, calcula a Agência Internacional de Energia (AIE).

Países do norte de África, Austrália, Índia, África do Sul, Espanha e Portugal poderão abrigar esse tipo de central, que necessita de muito sol, explicou Cédric Philibert, especialista da AIE.

Estas centrais, denominadas "termodinâmicas", são dotadas de espelhos móveis que concentram a energia solar na direção de um tubo preenchido com um fluído que se aquece. Este calor produz vapor d'água e aciona uma turbina.

Com a queda do preço dos materiais e o aumento do consumo de eletricidade, a energia solar concentrada poderá tornar-se competitiva a partir de 2020, afirmam os especialistas.

O Emirado de Abu Dabi terá, daqui a dois anos, a maior central solar desse tipo, com capacidade de 100 megawatts, um projeto realizado pelo grupo francês Total em parceria com o espanhol Abengoa no valor de 600 milhões de dólares.


Entre os países desenvolvidos, Espanha e Estados Unidos lideram o setor, com várias centrais em atividade e muitos outros projetos, segundo Philibert.

Já o os futuros fornecedores de eletricidade para a Europa poderão encontrar espaço no norte da África.

Há alguns anos, um grupo de especialistas também lançou a ideia de que toda a eletricidade consumida no mundo poderia ser produzida por uma central solar com superfície equivalente a 1% do deserto do Saara.

Uma unidade já foi instalada no Marrocos e poderá produzir cerca de dois gigawatts; outra funciona no Egito. Há ainda projetos em discussão na Argélia.

Estas iniciativas fazem parte do Plano Solar Mediterrâneo (PSM), que prevê a construção, até 2020, de instalações de produção de eletricidade renovável, por exemplo, com energia solar, no sul e a leste da bacia mediterrânea.

Parte dessa produção seria exportada para a Europa, o que estimulou algumas empresas a estudar a possibilidade de desenvolver uma rede sob o Mediterrâneo que permitirá transportar esta eletricidade para o norte.

Existe já uma linha entre Algeciras (sul da Espanha) e Tânger (norte do Marrocos). No momento, a energia transita da Espanha para o Marrocos, mas no futuro a situação poder se inverter.

A França é pioneira nessa tecnologia, com a inauguração, em 1969, do forno solar de Odeillo, nos Pirineus, o equipamento desse tipo mais potente construído até hoje (1.000 kilowatts).

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