ONU: civis correm perigo com os bombardeios e o fogo cruzado (Ahmed Saad/Reuters)
AFP
Publicado em 7 de julho de 2017 às 13h44.
O grupo Estado Islâmico (EI) matou dois jornalistas no sul de Mossul, onde as forças iraquianas tentam expulsar os últimos extremistas da parte antiga da cidade, em busca de uma "vitória" que parece próxima - apontam lideranças militares.
A emissora de televisão Hona Salaheddin, para a qual os dois jornalistas iraquianos trabalhavam, divulgou um comunicado, informando a morte desses profissionais. O texto não especifica a data do ataque.
"Os companheiros Harb Hazaa al-Dulaimi, correspondente do canal Hona Salaheddin, e Sudad al-Duri, cinegrafista da mesma emissora, foram martirizados em Imam Gharbi", relatou o canal, acrescentando que há outro jornalista entrincheirado na localidade, assim como os dois corpos, que continuam lá.
O grupo extremista se infiltrou no início da semana em Imam Gharbi, de onde as forças iraquianas tentam expulsá-los, de acordo com autoridades militares.
Mais de oito meses depois do lançamento da ofensiva para recuperar a segunda cidade do Iraque, as autoridades militares e políticas do país falam em uma "vitória" próxima frente ao EI. O grupo estaria passando por seu pior momento.
As forças iraquianas estão a entre "80 e 100 metros" do rio Tigre, área onde os extremistas remanescentes estão encurralados e que marca o limite leste do reduto controlado pelo EI, declarou o comandante iraquiano Abdelgani al-Assadi.
"Isso não quer dizer que vamos chegar ao rio hoje, ou amanhã, porque nossos movimentos são muito lentos", ressaltou, explicando que esse ritmo é necessário para tentar proteger os civis.
Segundo o general canadense Dave Anderson, que supervisiona a formação das tropas locais no marco da coalizão internacional dirigida pelos Estados Unidos, as forças de segurança iraquianas pressionam esses membros do EI em seus últimos redutos.
"As forças iraquianas enfrentam um inimigo totalmente moribundo", avaliou em videoconferência à imprensa realizada ontem de Bagdá.
O general disse ignorar o número de combatentes radicais ainda em Mossul, mas garantiu não ter "qualquer dúvida" de que não haverá nenhuma na semana que vem.
Milhares de soldados iraquianos lançaram a batalha de Mossul, em 17 de outubro de 2016, com o apoio da coalizão internacional. Em janeiro passado, reconquistaram o leste da cidade e, em fevereiro, investiram contra o oeste. O Estado Islâmico continua oferecendo uma ferrenha resistência em Mossul.
Embora milhares de civis tenham fugido, "ainda haveria cerca de 15 mil, ou até 20 mil, nos últimos redutos da parte antiga", declarou a coordenadora humanitária da ONU para o Iraque, Lise Grande, quinta-feira à AFP.
Os civis correm um "grande perigo, sofrem os bombardeios e o fogo cruzado", relatou ela.
Em mais de oito meses, cerca de 915 mil habitantes deixaram Mossul, e pelo menos 700 mil continuam deslocados, acrescentou.
Responsável por atrocidades nas regiões sob seu controle e por letais atentados em todo o mundo, o EI conquistou Mossul durante seu apogeu, em 2014.
Depois de conseguir dominar amplas áreas no Iraque e também na Síria, hoje, controla apenas um pequeno reduto no oeste de Mossul e em outras zonas do território iraquiano.
A reconquista de Mossul será a maior vitória do Iraque contra o EI desde o início da contraofensiva militar. A cidade é carregada de simbolismo para o grupo, já que foi lá que seu líder, Abu Bakr al-Bagdadi, fez sua única aparição, em julho de 2014.
Em junho deste ano, a Rússia disse acreditar que teria conseguido matar Al-Bagdadi em um ataque na Síria. O fato nunca foi confirmado.