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Encontro entre chefes da diplomacia não reduziu crise entre EUA e Turquia

Os representantes se reuniram nesta sexta em Singapura e trataram da prisão do pastor americano na Turquia e as sanções impostas pelos EUA

O pastor americano, julgado desde abril, pode ser condenado a até 35 anos de prisão (Kemal Aslan/Reuters)

O pastor americano, julgado desde abril, pode ser condenado a até 35 anos de prisão (Kemal Aslan/Reuters)

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AFP

Publicado em 3 de agosto de 2018 às 10h15.

Turquia e Estados Unidos fracassaram nesta sexta-feira em sua tentativa de superar as divergências após o encontro entre os chefes da diplomacia dos países para abordar a questão do pastor americano detido por Ancara e as sanções de Washington contra este país.

O ministro das Relações Exteriores turco, Mevlüt Cavusoglu, e o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, se reuniram nesta sexta-feira em Singapura.

Cavusoglu afirmou à imprensa que disse ao secretário de Estado americano que as ameaças de sanções não funcionarão com a Turquia.

"Desde o início afirmamos que a linguagem de ameaça e as sanções não terão nenhum resultado. Repetimos hoje".

Alguns minutos antes, Pompeo declarou que que as sanções americanas contra ministros turcos provam a grande seriedade dos Estados Unidos para obter a libertação do pastor Andrew Brunson.

"Os turcos foram advertidos de que é o momento para que o pastor Brunson retorne. Espero que eles vejam isso pelo que é, uma demonstração de que somos muito sérios", declarou o secretário de Estado.

Washington exige a libertação de Brunson, que está em prisão domiciliar desde a semana passada, depois de passar um ano e meio na prisão por "espionagem e terrorismo", acusações que o pastor e o governo americano negam.

"Brunson tem que voltar para sua casa, como todos os americanos detidos pelo governo turco", insistiu Pompeo. Ele afirmou que estas pessoas estão detidas "há muito tempo" na Turquia e são "inocentes".

"O pastor Brunson é um pastor inocente e devem permitir que retorne aos Estados Unidos. Eles têm que permitir a saída de nossos funcionários, todos devem poder partir. Esta é a mensagem", completou.

Brunson estava à frente de uma igreja protestante em Izmir. As autoridades turcas acusam Andrew Brunson de ações favoráveis à rede do pregador muçulmano Fethullah Gülen, exilado nos Estados Unidos, e do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). As duas organizações são consideradas "terroristas" por Ancara.

O pastor, julgado desde abril, pode ser condenado a até 35 anos de prisão.

Dois funcionários turcos de consulados americanos na Turquia também estão detidos e outro permanece em prisão domiciliar.

Pompeo afirmou, no entanto, que espera encontrar uma solução para a crise.

Apesar da tensão, Cavusoglu considerou o encontro "extremamente construtivo".

Ancara prometeu represálias às sanções americanas, que chamou de "inaceitáveis", mas até o momento não anunciou nenhuma medida.

O presidente americano, Donald Trump, seu vice-presidente Mike Pence e Pompeo tornaram o caso do pastor uma prioridade.

Brunson foi detido em outubro de 2016, quando Ancara iniciou uma onda de detenções e condenações após uma tentativa frustrada de golpe de Estado.

O pastor nega as acusações de apoiar organizações que Ancara considera "terroristas" e seus advogados argumentam que o caso foi construído com base em declarações duvidosas de testemunhas. A próxima audiência do processo está marcada para 12 de outubro.

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