Theresa May: em discurso nos EUA, May deu a entender que vê a necessidade de algumas reformas na Otan e de alguns países darem mais dinheiro para financiar a entidade (Toby Melville/Reuters)
Reuters
Publicado em 27 de janeiro de 2017 às 10h27.
Washington - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, que compartilham um laço incomum por serem produtos de reações antissistema, irão se reunir nesta sexta-feira para o que pode ser uma difícil busca de unidade em questões como Otan, Rússia e comércio.
O encontro será o primeiro de Trump com um líder estrangeiro desde que tomou posse uma semana atrás, e pode ter grande peso para determinar o quão crucial Trump considera a "relação especial" tradicional entre os dois países.
Trump se elegeu com uma plataforma anti-Washington, e May chegou ao poder em julho depois do referendo que decidiu pela separação britânica da União Europeia, o chamado Brexit. A conversa irá terminar com uma coletiva de imprensa conjunta na Casa Branca.
Trump já declarou que a Otan está obsoleta e expressou o desejo de um relacionamento mais amigável com a Rússia. May considera a aliança transatlântica essencial, e demonstra ceticismo em relação ao presidente russo, Vladimir Putin.
May e Trump querem começar a trabalhar em um acordo comercial bilateral, que proporcionaria à premiê uma prova de estabilidade em meio à convulsão do Brexit e apoiaria a crença de Trump de que consegue negociar pactos comerciais pessoalmente com suas contrapartes.
"Ambos precisam que isso seja um sucesso", disse Heather Conley, especialista em Europa do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.
Trump, disse a especialista, "precisa demonstrar que tem domínio dos temas", enquanto May "precisa ouvir mensagens fortes de apoio à sua visão de um Reino Unido que trabalha para todos, um Reino Unido global".
Em um discurso a parlamentares republicanos reunidos na Filadélfia na quinta-feira, May deu a entender que vê a necessidade de algumas reformas na Otan e de alguns países darem mais dinheiro para financiar a entidade, a principal queixa do líder norte-americano a respeito da Otan.
"O papel de liderança dos Estados Unidos na Otan --com apoio dolo Reino Unido-- deve ser o elemento central ao redor do qual a aliança se sustenta", disse a premiê.
Mas ela também afirmou que as nações da UE "devem mostrar a que vieram" para fazer com que a Otan continue sendo a pedra angular da defesa ocidental.
Trump e May tampouco parecem em sintonia sobre a maneira de lidar com a Rússia. Em seu discurso, a premiê britânica disse que os líderes ocidentais deveriam "se engajar, mas se precaver" contra Putin e não aceitar sua alegação de que agora o leste europeu está sob sua esfera de influência.