Presidente da Siemens, Peter Löscher: dirigentes de grandes empresas estrangeiras reclamam do tratamento discriminatório sofrido na China (Indranil Mukherjee/AFP)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.
Pequim - Dirigentes de empresas estrangeiras do mundo inteiro reclamam cada vez mais abertamente sobre discriminações e restrições sofridas na China, a terceira economia mundial.
Embora muitos empresários expressem suas frustrações no anonimato, por exemplo, através das câmaras de comércio, outros se manifestam abertamente, descontentes com o clima de investimento na China, o país mais populoso do mundo com 1,3 bilhão de habitantes.
"Essas empresas têm mais a perder agora do que antes, quando a China era apenas uma experiência interessante", julgou Patrick Chovanec, professor da Escola de Economia e Gestão da Universidade de Tsinghua, em Pequim.
"As companhias já não podem se dar ao luxo de esperar que a situação melhore. Eles precisam manifestar suas preocupações", acrescentou.
Na semana passada, dirigentes de empresas alemãs de importância mundial, como a BASF e a Siemens, também se queixaram durante uma reunião entre o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, e a chanceler alemã, Angela Merkel.
O presidente da organização número um do mundo no setor químico, a alemã BASF, Jürgen Hambrecht, reclamou sobre a obrigação imposta às empresas estrangeiras de transferir sua tecnologia para os concorrentes chineses, em troca do acesso a este vasto mercado, de acordo com o jornal Financial Times.
Por sua vez, o presidente da Siemens, Peter Löscher, disse que as empresas estrangeiras "esperam encontrar condições equitativas nos mercados públicos".
"Sentem que mais pessoas ousam reclamar", afirmou Shaun Rein, diretor-geral da China Market Research Group, com sede em Xangai.
Recentemente, o presidente do grupo americano General Electric, Jeffrey Immelt, acusou a China de mostrar-se hostil com os grupos estrangeiros, segundo a imprensa.
Immelt havia declarado durante uma reunião com grandes empresários em Roma que estava "realmente preocupado com a China", mas a General Electric garantiu que essas declarações estavam fora de contexto e foram distorcidas.
Logo depois, a General Electric foi nomeada como uma das fornecedoras do futuro avião chinês C919.
Este ano, a Google também travou uma guerra com Pequim sobre a questão da censura na internet, mesmo assim sua licença de funcionamento foi renovada.
Ao longo dos últimos meses, a Câmara de Comércio Europeia na China e também a americana manifestaram suas preocupações sobre o tratamento a empresas estrangeiras, temendo um endurecimento da legislação.
No entanto, um dos especialistas consultados, Shaun Rein, não pensa que ocorreram muitas mudanças.
"Sempre foi difícil operar aqui. Sempre foi necessária a transferência de tecnologia. O que acontece agora é que o país se tornou um mercado importante", disse.
No sábado, durante um encontro com empresários alemães, Wen Jiabao rejeitou o que chamou de uma posição contra seu país.