Repórter
Publicado em 3 de fevereiro de 2025 às 11h40.
Última atualização em 3 de fevereiro de 2025 às 11h44.
As novas tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a produtos do Canadá, México e China abrem caminho para uma guerra comercial. O governo norte-americano anunciou um imposto de 25% sobre bens canadenses e mexicanos e 10% sobre produtos chineses, justificando a medida como um esforço para conter a entrada de fentanil nos Estados Unidos, entre outras razões.
A decisão gerou reação imediata dos três países, que prometeram retaliações. O Canadá anunciou tarifas de 25% sobre US$ 106 bilhões em produtos norte-americanos, enquanto o México e a China afirmaram que tomarão "contramedidas correspondentes".
Para bilionários e líderes de diversas indústrias, os prejuízos causados pelas novas tarifas podem aumentar os custos de produção e impactar na economia global.
Entre os principais críticos da medida, estão Mark Cuban, bilionário e investidor. Ele declarou que espera uma resposta dura do Canadá e do México para expor os danos causados pelas tarifas, segundo o Business Insider. “Peço desculpas às pessoas que perderão dinheiro e aos negócios que serão prejudicados, mas essa é a única maneira de mostrar o que as tarifas realmente significam”, afirmou.
Tobi Lütke, CEO da Shopify, também demonstrou frustração com as novas barreiras comerciais. "O Canadá prospera quando trabalha com os EUA. Retaliar não levará a nada de bom", afirmou.
No México, o bilionário Ricardo Salinas Pliego, presidente do Grupo Elektra, condenou as tarifas, mas afirmou que o país não deveria retaliar. "Essa desgraça nos foi imposta, e tudo que podemos fazer é suportá-la. Mas não devemos prejudicar ainda mais os cidadãos mexicanos", disse.
A Associação do Alumínio dos EUA pediu para Trump isentar o Canadá das tarifas, argumentando que o setor depende das importações canadenses para manter sua produção. "Nossa indústria precisa de um suprimento constante e previsível de alumínio primário e reciclado, grande parte vindo do Canadá", disse Charles Johnson, CEO da associação.
Outros setores também demonstraram preocupação. A Associação Nacional dos Construtores de Casas alertou que os custos de materiais como madeira e gesso – importados majoritariamente do Canadá e México – devem aumentar, impactando o preço das moradias.
Já a Associação Nacional dos Fabricantes dos Estados Unidos destacou que os custos industriais devem subir, prejudicando pequenas e médias empresas e afetando a competitividade global dos EUA. "As cadeias de suprimentos serão gravemente afetadas, comprometendo nossa capacidade de vender produtos a preços competitivos", afirmou Jay Timmons, presidente da entidade.
A indústria automobilística é um dos setores mais afetados, e a American Automotive Policy Council, que representa Ford, General Motors e Stellantis, destacou que as tarifas vão contra o acordo comercial USMCA (antigo NAFTA). "Nossas montadoras investiram bilhões nos EUA para atender às regras do USMCA. Essas tarifas agora minam essa competitividade e prejudicam os trabalhadores americanos", declarou Matt Blunt, presidente do conselho.
O setor de energia também entrou no debate. O Instituto Americano do Petróleo enfatizou que o mercado energético dos EUA depende do Canadá e do México. "O petróleo bruto canadense é essencial para os consumidores americanos, e o México é o principal destino das exportações de produtos refinados dos EUA", disse Mike Sommers, presidente do instituto.
Com a escalada da tensão comercial, especialistas alertam para possíveis retaliações em larga escala que podem prejudicar ainda mais a economia global. A Câmara de Comércio do Canadá classificou as tarifas como "autodestrutivas" e ressaltou que os dois países possuem cadeias de suprimentos profundamente integradas.
A United Steelworkers, sindicato que representa trabalhadores da indústria metalúrgica nos EUA, criticou as tarifas sobre o Canadá, chamando o país de "aliado confiável". Em contrapartida, a United Auto Workers, que representa funcionários da indústria automobilística, apoiou a medida, argumentando que ela pode ajudar a reconstruir empregos perdidos devido a acordos comerciais anteriores.