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Empresa de helicóptero que caiu em Nova York e matou turistas fecha as portas

EUA investigam se aeronave se chocou com drone, pássaro ou teve falha mecânica

Família que morreu em queda de helicóptero em Nova York posou para foto antes de embarcar (Reprodução/Redes Sociais)

Família que morreu em queda de helicóptero em Nova York posou para foto antes de embarcar (Reprodução/Redes Sociais)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 14 de abril de 2025 às 11h07.

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A empresa de passeios de helicóptero envolvida no acidente em Nova York que matou seis pessoas na quinta-feira, incluindo uma família espanhola, vai fechar as portas, anunciaram as autoridades dos Estados Unidos. Um executivo da Siemens, sua esposa e filhos, assim como o piloto, morreram na queda da aeronave. O helicóptero se desintegrou no ar antes de cair nas águas do rio Hudson.

A companhia New York Helicopter Tours está "encerrando suas operações imediatamente", disse a Administração Federal de Aviação (FAA) em um comunicado no X. "A FAA iniciará uma revisão imediata da licença e do histórico de segurança do operador turístico", declarou a autoridade de aviação civil.

O Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB) investiga a causa do acidente. As autoridades de Jersey City disseram que as possíveis circunstâncias incluem uma colisão de drone, uma colisão com pássaros ou uma falha mecânica.

Um vídeo do incidente mostra como a fuselagem supostamente se desprendeu do rotor. A família espanhola celebrava o aniversário de 40 anos da mãe.

Piloto havia se mudado para Nova York

“Vivendo o sonho”. Era assim que Seankese Johnson, de 36 anos, descrevia sua nova carreira como piloto comercial de helicóptero em Nova York, conduzindo passeios turísticos ao redor de Manhattan. Essa frase estava no topo de seu perfil no LinkedIn na sexta-feira, mesmo enquanto se espalhava entre seus entes queridos a notícia de que ele era o piloto do helicóptero que caiu no rio Hudson na tarde de quinta-feira. Johnson e uma família de cinco turistas espanhóis morreram.

Seu pai, Louis Johnson, contou na sexta-feira que seu filho havia se mudado para Nova York apenas neste ano, em busca de “um novo capítulo em sua vida”.

Seankese Johnson havia começado recentemente a operar passeios de helicóptero, depois de obter sua licença comercial em 2023 e ganhar experiência pilotando helicópteros de maior porte.

Segundo seu currículo e relatos de pessoas próximas, ele participou de missões de resgate contra incêndios na Califórnia, de projetos agrícolas na Virgínia, entre outras funções.

Mais recentemente, Johnson, veterano da Marinha dos EUA, começou a unir sua personalidade cativante ao amor pela aviação, assumindo um trabalho conduzindo passeios turísticos em sua cidade natal, Chicago, no outono passado.

Os amigos o conheciam apenas como Sean — brincalhão, alegre e com um senso de humor marcante — completamente oposto à sua postura meticulosa, quase solene, quando se tratava de segurança no voo.

“Ele era do tipo que colocava os pingos nos i’s”, disse a amiga Bobbie Rose-Smith. “Ele nunca levava o trabalho na brincadeira. Não importava onde estivesse ou o que estivesse pilotando, ele ia conhecer aquele helicóptero de cabo a rabo.”

Segundo Rose-Smith, ele também usava a carreira na aviação como uma forma de se mudar constantemente pelos EUA.

Ele se mudou para Nova York para trabalhar na New York Helicopters.

O acidente

Na quinta-feira, por volta das 15h, os passageiros de Johnson eram Agustín Escobar, Mercè Camprubí Montal e os três filhos do casal — Agustín, de 10 anos; Mercè, de 8; e Víctor, de 4.

Fotos no site da New York Helicopter Tours mostram a família sorrindo em frente à aeronave no heliporto — localizado no East River, próximo a Wall Street — e também já acomodados nos assentos. Johnson aparece nos controles.

Ele os levou para ver a Estátua da Liberdade e seguiu rumo norte pelo rio Hudson até a Ponte George Washington.

Na volta rumo ao sul, Johnson havia acabado de passar pelo local do famoso “Milagre no Hudson”, pouso em que o piloto Chesley “Sully” Sullenberger aterrissou com sucesso o voo 1549 da US Airways no rio, sem vítimas, em 2009.

Então, segundo relatos de testemunhas e vídeos, o helicóptero de Johnson pareceu se desprender do rotor, com o corpo da aeronave batendo violentamente na água — o impacto gerou um estrondo que foi ouvido a quilômetros de distância.

“Deve ter sido alguma falha mecânica, algo muito fora do comum, porque ele teria percebido qualquer sinal e saberia lidar com situações rotineiras”, disse Louis Johnson por telefone, na sexta-feira. “Ele era a pessoa que você queria ter naquele assento de piloto. Era comprometido, sabia o que estava fazendo. Ele não era novato nisso.”

Louis Johnson disse acreditar firmemente que “com o Sean, não teria sido erro do piloto”.

Contou que o filho cresceu em Chicago, começou voando aviões pequenos, até ser levado por um amigo em um helicóptero — “e ele se apaixonou por aquilo”.

Laith Mugrabi, cunhado do piloto, disse que Johnson “queria pilotar helicópteros em todos os lugares”.

“Ele era como um pássaro. Queria estar sempre no ar. Ele sabia o que estava fazendo. Eu voava com ele sem pensar duas vezes, porque confiava nele”, disse Mugrabi.

A ex-mulher de Johnson, Kathryn Johnson, não respondeu a tentativas de contato na sexta-feira. Ela pediu o divórcio em 2022, mas o processo ainda não havia sido finalizado.

Durante sua passagem pela Marinha, Sean Johnson serviu no porta-aviões USS Ronald Reagan, no qual atuava principalmente no abastecimento de jatos, e participou de uma missão de resgate após o tsunami de 2011 no Japão, segundo o amigo Niko Tiapula, que serviu com ele.

Quem era Seankese Johnson?

Após passar para a reserva, Johnson — aficionado por exercícios e fisiculturismo — treinava com amigos que eram Navy SEALs, contou Tiapula.

Ele obteve suas certificações e habilitações como piloto de helicóptero enquanto concluía o bacharelado em Justiça Criminal pela Southern Utah University, em 2023 — dez anos após iniciar sua formação na Embry-Riddle Aeronautical University, em Daytona Beach, na Flórida, segundo sua página no LinkedIn.

Sua experiência incluía missões com helicópteros Chinook para a empresa Billings Flying Service, em Montana, no ano passado, ajudando no combate a incêndios na Califórnia. Antes disso, trabalhou na Heli-1, pilotando helicópteros Blackhawk — do tipo utilizado por militares e em operações de combate a incêndios aéreos.

Na quinta-feira, Johnson estava pilotando um Bell 206L LongRanger, modelo monomotor bastante usado em passeios turísticos, operações policiais e helicópteros de trânsito.

Em um vídeo recente postado em sua página do LinkedIn, intitulado “Bom dia, Nova York”, ele aparece nos controles em uma rota típica de voo turístico sobre o rio Hudson. Passando por Lower Manhattan e pela brilhante Freedom Tower à direita, ele segurava o manche com a mão direita e operava o painel de controle com a esquerda.

“Quando tudo se encaixa”, escreveu como legenda do mesmo vídeo em sua página no Facebook.

Rose-Smith comentou que “ele entendia os riscos do trabalho, mas para ele, os benefícios superavam esses riscos”.

“Ele finalmente estava fazendo o que sempre quis e estava simplesmente vivendo o sonho”, disse ela.

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