EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 13 de novembro de 2012 às 11h26.
São Paulo - A cidade de São Paulo não vai conseguir cumprir a meta de reduzir em 30% suas emissões de gás de efeito estufa entre 2003 e 2012, prevista em legislação municipal.
Dados divulgados ontem pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente mostram que, até o ano passado, a quantidade de emissões na cidade sofreu uma ligeira alta de 8% em relação a 2003. O principal vilão foi o aumento da frota de veículos - os transportes emitem cerca de 80% de gases desse tipo na capital.
As informações constam no Inventário de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa do Município de São Paulo, que deverá ser publicado novamente a cada cinco anos, a partir desta edição. Ele foi elaborado pelo Instituto Ekos e pela empresa de consultoria ambiental Geoklock, que foram contratados pela Prefeitura no ano passado para realizar o estudo.
O inventário mostrou que, no ano passado, a cidade emitiu o equivalente a 16 milhões de toneladas de gás carbônico - ou seja, quase 1,5 tonelada por habitante. A média está bem abaixo da de uma cidade como Nova York, nos EUA, por exemplo, que emite cerca de 6 toneladas por habitante por ano.
A explicação é o nível de consumo, investimento e de gasto com combustíveis de fontes não renováveis, como a gasolina. O etanol, usado por vários veículos que circulam por São Paulo, não entra na conta por ser considerado fonte renovável de energia.
Especialistas consideram que, a despeito da meta de redução, apenas o fato de as emissões não terem aumentado já é motivo de comemoração. "Houve um crescimento gigantesco da frota de veículos nesse período e do aumento do consumo dos brasileiros, por causa do aumento do poder de compra. Mas houve um aumento na eficiência energética e no uso de combustíveis renováveis que anulou esse crescimento e fez as emissões ficarem praticamente estáveis", afirma João Castro, da Geoklock.
Para Paulo Saldiva, do Laboratório de Poluição Atmosférica da USP, as emissões só cairão com ações voltadas à diminuição do transporte individual. "Do ponto de vista técnico, temos todas as soluções já preparadas. Precisamos parar de emitir sinais contrários, como construir novas pistas na Marginal, e investir em transporte público."
Ele afirma que os gases de efeito estufa concentrados na cidade de São Paulo, além de contribuírem para o aquecimento atmosférico em escala global, também criam uma espécie de efeito estufa localizado. "É por isso que o centro é a área mais quente da cidade", explica.