Mundo

Emir do Catar pede intervenção militar árabe na Síria

"É melhor que os próprios países árabes intervenham e façam tudo o que for necessário para impedir o banho de sangue na Síria", afirmou o emir

Barack Obama na Assembleia da ONU: antes de Obama, a presidente Dilma Rousseff defendeu na Assembleia o direito dos países emergentes de protegerem suas economias (©AFP / Emmanuel Dunand)

Barack Obama na Assembleia da ONU: antes de Obama, a presidente Dilma Rousseff defendeu na Assembleia o direito dos países emergentes de protegerem suas economias (©AFP / Emmanuel Dunand)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de setembro de 2012 às 17h32.

Nações Unidas - O emir do Catar, Hamad Bin Khalifa al Thani, pediu nesta terça-feira nas Nações Unidas uma intervenção militar árabe, diante da paralisia do Conselho de Segurança, para impedir "o banho de sangue" na Síria e proporcionar uma transição pacífica.

"É melhor que os próprios países árabes intervenham e façam tudo o que for necessário para impedir o banho de sangue na Síria, o assassinato de pessoas inocentes e sua migração forçada, para garantir uma transição de poder pacífica", afirmou o emir catariano durante o seu discurso nos debates da Assembleia Geral.

Thani disse aos líderes mundiais que existe "um precedente similar" na história recente, quando "forças árabes intervieram no Líbano em meados dos anos 1970 para impedir a guerra civil no país, com um resultado efetivo e útil".

O emir do Catar - um dos países mais críticos com o regime sírio desde o início dos protestos em 2011 - se referiu ao mandato da Liga Árabe que em 1976 delegou à Síria a missão de manter no Líbano uma força de interposição entre os adversários da guerra civil libanesa, encerrada em 1990.

"Utilizamos todos os meios disponíveis para tirar a Síria do ciclo de violência em que vive, mas foi em vão. O Conselho de Segurança fracassou na hora de conseguir uma posição efetiva", lamentou o dirigente.

Também fez um apelo a todos os membros da ONU que "acreditam na causa do povo sírio" para que contribuam "com o fornecimento de todo tipo de apoio ao povo até que estes obtenham seus direitos legítimos".


"A situação na Síria chegou a uma fase inaceitável. Centenas de sírios inocentes são assassinados a cada dia pelas armas de um regime que não hesita na hora de usá-las contra o seu povo", acrescentou.

O emir situou a crise na Síria no mesmo contexto da Primavera Árabe, algo "natural e histórico", e pediu ao plenário da ONU "apoio renovado que confirme os direitos do mundo árabe de continuar com os avanços e atingir suas aspirações".

Thani reconheceu que, "apesar de todo o sofrimento no Oriente Médio, o principal problema é a questão palestina e a contínua ocupação israelense dos territórios árabes na Cisjordânia, em Golã e o bloqueio contra a Faixa de Gaza, além da detenção e do encarceramento de milhares de palestinos".

"O processo de paz está parado por conta da posição israelense atual, que insiste em continuar com a política de assentamentos", destacou o emir, que pediu ao Conselho de Segurança uma resolução "para forçar Israel a acabar com o bloqueio da Faixa de Gaza e com a política de assentamentos".

O emir foi outro dos líderes que, durante os debates públicos na sessão da Assembleia Geral, se referiu à onda de violência no mundo islâmico pelas ofensas a Maomé em um vídeo americano e em um jornal francês.

"Acreditamos na liberdade de expressão, mas achamos que não deveria ultrapassar alguns limites razoáveis e se transformar em uma ferramenta para ferir e insultar a dignidade de outros, de religiões e crenças sagradas, provocando o lamentável assassinato de pessoas inocentes que não cometeram nenhum crime", comentou o governante catariano na Assembleia. 

Acompanhe tudo sobre:CatarDitaduraONUPrimavera árabeSíria

Mais de Mundo

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde

Cristina Kirchner perde aposentadoria vitalícia após condenação por corrupção

Justiça de Nova York multa a casa de leilões Sotheby's em R$ 36 milhões por fraude fiscal

Xi Jinping inaugura megaporto de US$ 1,3 bilhão no Peru