Julian Assange: o fundador do Wikileaks pediu asilo ao Equador para evitar sua extradição a Suécia, onde é acusado de delitos sexuais que ele nega (Rosie Hallam/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 26 de outubro de 2012 às 19h44.
Londres - "Julian Assange está bem de saúde e de ânimo", garantiu nesta sexta-feira a embaixadora equatoriana em Londres, Ana Albán, que revelou que um médico visita regularmente o fundador do Wikileaks na legação sul-americana onde está refugiado.
Em entrevista à Agência Efe, a diplomata esclareceu que o salvo-conduto que o Equador pediu ao Reino Unido para que deixe sair o famoso hacker da embaixada para ser hospitalizado "é simplesmente uma medida preventiva".
"O senhor Assange está bem. Tem 41 anos e parece que teve uma vida saudável antes de entrar na embaixada. Temos um médico que lhe visita regularmente, duas vezes ao mês, e o submeteram a uma análise de sangue. Em termos gerais está tudo bem", afirmou Ana Albán.
Com estas palavras a embaixadora esclareceu as dúvidas sobre o estado de saúde do australiano depois que o chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, assegurasse na quarta-feira que "é absolutamente natural que a saúde de uma pessoa seja afetada se você não pode sair de um escritório durante muito tempo".
Neste sentido, Ana, que convive com o fundador do Wikileaks há mais de quatro meses na pequena sede da embaixada equatoriana, destacou que Assange, "como qualquer pessoa, pode cair no chuveiro e quebrar um osso ou ter uma crise de apendicites".
Durante uma reunião no dia 27 de setembro em Nova York, o chanceler equatoriano propôs ao ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, a concessão de um salvo-conduto em caso de necessidade de hospitalização de Assange, algo que o Reino Unido disse que estudaria.
Ana Albán considera normal que o Equador se preocupe com o estado de saúde de seu hóspede, levando em conta que está há meses sem sair da embaixada, sem ver o sol, e com um espaço vital limitado a 200 metros quadrados, algo que considerou "completamente estressante".
Perguntada por sintomas de depressão no hacker, a embaixadora respondeu de maneira taxativa que "não, de nenhuma maneira".
"Sua dieta se baseia principalmente em peixe e fruta. Não gosta de frituras", contou a embaixadora, que revelou que o fundador do Wikileaks faz exercícios em seu quarto para manter-se em forma.
A dinâmica da embaixada mudou muito desde que Assange se refugiou nela, já que, além dos numerosos policiais britânicos que rodeiam o edifício, o hacker recebe muitas visitas e segue gerando muita atenção midiática.
"Não é que tudo seja normal, mas podemos dizer que de certo modo já nos acostumamos. Uma situação estranha se tornou habitual", explicou a responsável desta embaixada, visitada recentemente pela cantora Lady Gaga, a estilista Vivianne Westwood e a artista Yoko Ono.
"Procuro manter-me à margem, quero respeitar a intimidade tanto de Assange como de seus convidados. Mas, às vezes, como aconteceu ontem com o ator John Cusack, me junto a eles e tomamos um café", reconheceu.
O fundador do Wikileaks pediu asilo ao país sul-americano para evitar sua extradição a Suécia, onde é acusado de supostos delitos sexuais que ele nega.
"Podemos dizer que as coisas estão mais calmas. Há menos agentes na porta e não voltou a haver ameaças que entrariam na embaixada", comentou Ana Albán, que, no entanto, revelou que a polícia instalou um caminhão com antenas na porta da legação sul-americana no exclusivo bairro de Kesington.
A embaixadora, que aposta na negociação e acredita que a solução será buscar "fórmulas imaginativas", espera que haja avanços no final de ano, uma vez passadas as eleições dos Estados Unidos, no próximo dia 6 de novembro.