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Embaixadora americana na ONU pede saída de Assad na Síria

Para embaixadora da ONU, o presidente sírio não pode continuar no poder após o suposto ataque químico que os Estados Unidos atribuíram a ele

Bashar al-Assad (SANA/Reuters)

Bashar al-Assad (SANA/Reuters)

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AFP

Publicado em 9 de abril de 2017 às 10h51.

A embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, estimou que o presidente sírio, Bashar al-Assad, não pode continuar no poder após o suposto ataque químico que os Estados Unidos atribuíram a ele, antes de bombardear uma base aérea do exército na Síria.

"Não existe nenhuma opção na qual possa ocorrer uma solução política com Assad na liderança do regime", declarou Nikki Haley neste domingo à CNN.

Estas declarações mostram uma possível mudança de perspectiva da administração do presidente Donald Trump sobre a Síria depois do "ataque químico", que deixou na terça-feira ao menos 87 mortos, incluindo dezenas de crianças, na cidade de Khan Sheikhun.

As imagens insuportáveis de civis com convulsões sob suas máscaras de oxigênio e de pessoas jazendo nas ruas provocaram uma onda de comoção no mundo e desencadearam as represálias americanas três dias depois.

"Vendo suas ações, vendo a situação, será difícil ver um governo estável e pacífico com Assad", acrescentou Haley.

"Acreditamos que uma mudança de regime é algo que deveria acontecer", declarou, acrescentando, no entanto, que Washington também se concentra na luta contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI) e no fim da influência iraniana.

Prioridade é o EI

O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, também reafirmou que "a primeira das prioridades (para os Estados Unidos na Síria) é a derrota" do EI, segundo o trecho de uma entrevista na CBS que deve ser transmitida neste domingo.

"Uma vez que a ameaça do EI tenha sido reduzida, inclusive eliminada, acredito que poderemos então dirigir nossa atenção diretamente à estabilização da situação na Síria", declarou.

A mudança de regime em Damasco e a saída de Assad, que durante anos foi um desejo reiterado pela administração Obama, não parecia ser uma prioridade para o novo governo americano.

Mas o ataque contra Khan Sheikhun parece ter mudado a situação, já que os Estados Unidos bombardearam pela primeira vez uma base aérea do exército sírio como represália. A administração Trump informou posteriormente ao Congresso que "pode realizar mais ações".

As primeiras análises realizadas com as vítimas de Khan Sheikhun sugerem que foram expostas ao gás sarin, um potente agente neurotóxico. Mas a natureza exata da substância utilizada continua sendo alvo de debate.

O governo sírio negou todas as acusações e afirmou que em 2013 ratificou a Convenção sobre a proibição de armas químicas.

Rohani reitera seu apoio a Assad

Em agosto de 2013, o regime havia sido acusado de utilizar gás sarin em um ataque contra dois setores rebeldes na periferia de Damasco, que deixou centenas de mortos.

A Síria deveria ter destruído todo o seu arsenal químico seguindo um acordo entre Estados Unidos e Rússia, mas em várias ocasiões já houve suspeitas de que realizou ataques químicos.

Moscou e Teerã condenaram fortemente as acusações contra seu aliado sírio.

O presidente iraniano, Hassan Rohani, telefonou a Bashar al-Assad para reiterar a ele seu apoio e condenar o ataque americano, segundo a agência oficial SANA.

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