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Venezuela indica ex-embaixador no Brasil para cargo nos EUA

Governo anunciou Maximilien Sánchez como novo embaixador, apesar de acusar Washington de estimular a violência no país

Manifestantes anti-governo durante confronto com policiais da tropa de chope na praça Altamira, em Caracas, na Venezuela (Carlos Garcia Rawllins/Reuters)

Manifestantes anti-governo durante confronto com policiais da tropa de chope na praça Altamira, em Caracas, na Venezuela (Carlos Garcia Rawllins/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 25 de fevereiro de 2014 às 20h54.

Caracas - O governo venezuelano anunciou nesta terça-feira que propôs Maximilien Sánchez como novo embaixador para os Estados Unidos, apesar de acusar Washington de estimular a violência que já matou mais de 13 pessoas nos piores distúrbios em uma década na Venezuela.

"A proposta de Sánchez -ex-embaixador da Venezuela no Brasil- será apresentada para a consideração do governo norte-americano", informou em comunicado o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela.

Também nesta terça, os Estados Unidos deram 48 horas a três diplomatas venezuelanos para deixar Washington, em retaliação pela expulsão de três funcionários norte-americanos acusados de promover a onda de manifestações.

As disputas entre os governos de ideologias opostas foram comuns durante a era do finado socialista Hugo Chávez, de 1999 a 2013, e continuam no mandato do seu sucessor, o presidente Nicolás Maduro, apesar de os EUA permanecerem como principal destino das exportações venezuelanas.

Os dois países não têm embaixadores entre eles desde 2008, e Maduro expulsou três diplomatas norte-americanos na semana passada, após acusá-los de recrutar estudantes para os protestos contra o governo.

Apesar da tensão, o presidente disse que o seu ministro do Exterior nomearia um enviado para Washington nesta terça-feira para tentar ativar as relações.

"A sociedade norte-americana precisa saber a verdade sobre a Venezuela", declarou Maduro em uma reunião com governadores na noite de segunda-feira, no último dos seus discursos diários.

"Os norte-americanos acham que nós estamos matando uns aos outros. Eles estão falando de intervenção militar dos EUA na Venezuela. Que loucura! Se isso acontecer, você e eu sairemos com uma arma para defender o nosso território."


A atual crise, na qual mais de 500 pessoas já foram presas e 150 ficaram feridas nas duas últimas semanas, provocou críticas do governo dos EUA e atraiu grande atenção. Celebridades como Madonna e Cher condenaram Maduro.

O ex-sindicalista, de 51 anos, que venceu uma eleição apertada para substituir Chávez no ano passado, disse que a mídia internacional está alinhada com os "imperialistas" para passar uma imagem de caos e repressão na Venezuela.

O ex-jogador de futebol argentino Diego Maradona apoiou Maduro quando assinava um contrato para ser comentarista da rede de TV Telesur na Copa do Mundo que ocorrerá no Brasil.

"Estamos vendo todas as mentiras que os imperialistas estão dizendo e inventando. Eu estou preparado para ser um soldado da Venezuela para o que for preciso", disse Maradona, amigo de Chávez e do líder revolucionário cubano Fidel Castro.

"Vida longa a Chávez, vida longa a Maduro, vida longa à Venezuela!", completou Maradona.

Protestos esporádicos continuavam nesta terça-feira, com estudantes bloqueando ruas nos distritos do leste de Caracas, onde o poder aquisitivo é maior.

Os estudantes querem a saída de Maduro por causa da criminalidade, da inflação e da falta de produtos básicos, como leite, farinha e açúcar. Eles também acusam o presidente de reprimir brutalmente os protestos.

"Não saio daqui até que ele vá embora", disse o estudante Pablo Jiménez, de 24 anos.

Líderes moderados da oposição têm pedido manifestações pacíficas e questionam a tática de montar barricadas na cidade. Muitos dos moradores de Caracas têm permanecido em casa. Boa parte das escolas está fechada, assim como parte do comércio.

Os protestos são o maior desafio que Maduro enfrenta nos seus dez meses no poder, mas não há sinais de que ele possa ser derrubado.

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