Estátua: caso marca forte desencontro diplomático entre os dois países vizinhos (Kim Sun-ho/Yonhap/Reuters)
EFE
Publicado em 9 de janeiro de 2017 às 10h18.
Seul/Tóquio - O embaixador do Japão na Coreia do Sul, Yasumasa Nagamine, voltou nesta segunda-feira a seu país em protesto pela colocação de uma estátua em homenagem às escravas sexuais em frente ao consulado japonês na cidade sul-coreana de Busan.
Como resultado do forte desencontro diplomático entre os dois países vizinhos, o cônsul geral do Japão em Busan, Yasuhiro Morimoto, também deixou hoje a Coreia do Sul.
Ambos podem ficar no Japão por cerca de uma semana, segundo fontes diplomáticas citadas pela agência "Kyodo".
Ao deixar o país, Nagamine declarou aos veículos de imprensa japoneses que a instalação da estátua era "muito lamentável" e por isso estava voltando "para casa".
O governo japonês decidiu convocar seu embaixador em Seul para consultas na sexta-feira passada em protesto pela instalação da polêmica estátua na semana anterior por um organização civil, após a aprovação do governo local.
A escultura, a segunda deste tipo colocada em frente a missões diplomáticas do Japão na Coreia do Sul, representa uma menina descalça vestida com o traje tradicional sul-coreano, e simboliza as vítimas de abusos sexuais cometidos pelas tropas japonesas.
Calcula-se que cerca de 200 mil meninas e adolescentes - a maioria coreanas - foram vítimas desses abusos desde a década de 1930 e, sobretudo, no final da Segunda Guerra Mundial.
O conflito das escravas sexuais, chamadas eufemísticamente de "mulheres de conforto", causou frequentes atritos nas últimas décadas entre Coreia do Sul e Japão, e se transformou no principal empecilho em suas relações bilaterais.
Os governos de ambos os países assinaram no final de 2015 um acordo para dar por liquidado o assunto, que contempla as desculpas oficiais do Japão e uma compensação econômica de 1 bilhão de ienes (R$ 27,49 milhões) para restaurar "a honra e a dignidade" das vítimas.
A instalação da estátua responde agora ao protesto de certas organizações de apoio às vítimas, que se opuseram ao acordo por considerá-lo insuficiente.