Barack Obama (e) e Vladimir Putin: McFaul foi alvo de críticas por causa dos artigos escritos contra o presidente Vladimir Putin antes de integrar o governo Obama (Jewel Samad/AFP)
Da Redação
Publicado em 4 de fevereiro de 2014 às 14h41.
Moscou - O embaixador dos Estados Unidos na Rússia, Michael McFaul, o arquiteto da política de "restabelecimento" do governo Obama com o Kremlin, anunciou nesta terça-feira que vai deixar o cargo após dois anos.
McFaul, professor de ciência política da Universidade de Stanford que atuou como principal auxiliar de Barack Obama na Rússia antes de se tornar embaixador, citou razões familiares para sua saída, que segundo ele vai acontecer pouco depois do fim dos Jogos Olímpicos de Inverno, em Sochi.
"Eu deixarei a Rússia com relutância. Eu adoro este trabalho. É uma enorme honra representar meu país aqui", escreveu ele em seu blog no site da embaixada dos Estado Unidos.
"Nos últimos cinco anos temos alimentado uma calma cooperação sobre várias questões que vão de contraterrorismo a segurança cibernética, assim como mantivemos cooperação em dezenas de assuntos de interesse mútuo entre os dois países, da exploração espacial à proteção ambiental. Tomados em conjunto, este é um verdadeiro recorde de conquistas em alguns dos interesses nacionais mais importantes da América."
Acadêmico de longa data e especialista em Rússia e na União Soviética, McFaul foi confirmado no posto em dezembro em 2011, tornando-se o segundo embaixador norte-americano na Rússia nos últimos 30 ano que não têm carreira diplomática.
Determinado a forjar um novo caminho de abertura, McFaul quebrou as tradições ao se comunicar ativamente com o público russo pelo Twitter e falando em eventos públicos. Ele logo se viu em dificuldades depois de discutir com repórteres ligados ao Kremlin e ver as imagens serem amplamente difundidas, e ao cometer gafes em seus comentários no Twitter.
E também foi alvo de críticas por causa dos artigos escritos contra o presidente Vladimir Putin antes de integrar o governo Obama e por se reunir com líderes da oposição logo depois de assumir o cargo.
Autoridades russas criticaram a abordagem de McFaul desde o início, acusando-o de usar dinheiro norte-americano para apoiar os protestos contra o Kremlin que tiveram início em Moscou após as contestadas eleições no final de 2011. Posteriormente, o Kremlin ordenou que a Agência Internacional de Desenvolvimento dos Estados Unidos interrompesse suas operações no país.
Depois de um tempo, McFaul recuou em sua abordagem e se tornou uma figura menos visível, mas durante o período em que ficou no cargo, as relações entre Rússia e Estados Unidos ficaram cada vez mais tensas, com os governos discordando de temas como sobre como lidar com a guerra civil na Síria e as ambições nucleares do Irã.
As coisas ficaram ainda mais tensas depois de a Rússia proibir a adoção de crianças russas por norte-americanos e de conceder asilo político ao ex-analista terceirizado da inteligência dos Estados Unidos, Edward Snowden, que foi acusado pela lei de espionagem por vazar detalhes de programas de vigilância norte-americanos.
McFaul disse que apesar das desavenças, ele sente que houve progressos. "Eu deixarei a Rússia com um forte sentimento de satisfação pela forma como nosso governo cuidou dessas questões sem comprometer nossos interesses ou valores", disse ele.
Fonte: Dow Jones Newswires.