Evo Morales acena ao embarcar em avião presidencial boliviano após passar horas retido no aeroporto de Viena, na Áustria: ministra declarou que "não entendemos a atitude do embaixador na Áustria pedindo através de um cafezinho revistar o avião de nosso presidente" (REUTERS/Heinz-Peter Bader)
Da Redação
Publicado em 5 de julho de 2013 às 09h32.
Madri - A ministra boliviana de Transparência Institucional e Luta contra a Corrupção, Nardi Suxo, afirmou nesta sexta-feira em Madri que o embaixador da Espanha na Áustria, Alberto Carnero, se excedeu, já que "ele não poderia ter pedido de nenhuma maneira uma revista do avião".
Nardi, que está visitando a Espanha, afirmou à Agência Efe que "nosso presidente Evo Morales disse que (Edward Snowden) não estava e não estava. E isso era o que precisava ser respeitado", se referindo às informações que apontavam que o ex-analista da CIA estava a bordo do avião em que o presidente boliviano viajava.
Carnero foi ao aeroporto de Viena na madrugada de quarta-feira passada para falar pessoalmente com Morales, retido durante 13 horas na capital austríaca, mas o presidente da Bolívia não permitiu que entrasse na aeronave.
A ministra declarou que "não entendemos a atitude do embaixador na Áustria pedindo através de um cafezinho revistar o avião de nosso presidente e isso é algo que certamente viola qualquer legislação internacional".
Sobre a possibilidade de a Bolívia conceder asilo a Snowden, afirmou que "eu não posso decidir mas acho que qualquer pessoa que se sinta acossada com justificativa, certamente todos os países também têm direito a analisar essa situação".
Em relação à medidas em que seu país está tomando após o incidente diplomático, Nardi Suxo disse que estão pedindo que os embaixadores bolivianos se reúnam em La Paz para analisar a situação.
"Esperemos que se peça uma explicação às autoridades da Itália, da França e de Portugal" porque, disse, "um pedido de desculpas não é suficiente - o recebemos, mas não é suficiente", "precisamos de uma explicação porque não se pode nos dizer que houve um problema técnico quando todos sabemos que não foi assim".
"Apesar desses países, entendemos que cumpriram ordens dos Estados Unidos, a Bolívia precisa conhecê-las e tem que saber", concluiu.
A ministra boliviana também se referiu à solidariedade que o presidente Morales recebeu de seus colegas latino-americanos, e citou os presidentes Nicolás Maduro, da Venezuela, Cristina Kirchner, da Argentina, Rafael Correa, do Equador, e Daniel Ortega, da Nicarágua.
"Todos precisam saber que a América Latina nunca mais vai baixar a cabeça para ninguém", acrescentou.
Por sua vez, o ministro de Assunto Exteriores espanhol, José Manuel García-Margallo, disse hoje que a Espanha "não tem que pedir nenhuma desculpa à Bolívia" após a crise diplomática com vários países europeus que não permitiam a aterrissagem do avião do presidente, Evo Morales, ao acreditar que poderia levar a bordo Edward Snowden.