Agência de notícias
Publicado em 7 de setembro de 2024 às 15h07.
Última atualização em 7 de setembro de 2024 às 15h22.
O governo brasileiro disse que recebeu "com surpresa" a comunicação do governo venezuelano de revogar o seu consentimento para que o Brasil proteja os interesses da Argentina na Venezuela e afirmou, em nota, que só irá deixar a custódia da Embaixada da Argentina em Caracas quando outro país assumir o local. Neste sábado, o governo de Nicolás Maduro suspendeu unilateralmente, de "maneira imediata", a custódia do governo no local, que abriga seis colaboradores da líder da oposição, María Corina Machado, acusados pelo regime chavista de terrorismo. A decisão do regime de Maduro explica o cerco do local por homens encapuzados, que começou na noite de sexta-feira e segue este sábado.
"De acordo com o que estabelecem as Convenções de Viena sobre Relações Diplomáticas e sobre Relações Consulares, o Brasil permanecerá com a custódia e a defesa dos interesses argentinos até que o governo argentino indique outro Estado aceitável para o governo venezuelano para exercer as referidas funções", afirma a nota do Itamaraty. "O governo brasileiro ressalta nesse contexto, nos termos das Convenções de Viena, a inviolabilidade das instalações da missão diplomática argentina, que atualmente abrigam seis asilados venezuelanos além de bens e arquivos".
Os colaboradores da oposição estão abrigados na representação diplomática desde o dia 20 de março e podem ser presos caso deixem o prédio. O cerco ao local começou na noite de sexta-feira, quando um dos asilados, disse no X que patrulhas do Sebin (Serviço Nacional Bolivariano de Inteligência) e do DAET (Corpo Nacional Bolivariano de Polícia), além de “oficiais encapuzados e armados”, cercaram e sitiaram a sede diplomática. Neste sábado, a oposição venezuelana comunicou um novo episódio de “cerco” por parte de agentes “encapuzados” posicionados diante da embaixada.
Nas redes sociais, o partido Vem Venezuela denunciou o episódio, afirmando que os oficiais “impedem o acesso dos jornalistas, embora a rua não esteja fechada”. A AFP confirmou a presença de pelo menos quatro patrulhas no local, duas do Sebin e duas da Polícia Nacional Bolivariana (PNB), além da instalação de um posto de controle policial para verificar a identidade das pessoas que transitam pela área.
“Na Embaixada da Argentina na Venezuela, sob custódia do Brasil, estamos com a energia elétrica cortada e com os acesso à sede tomados”, escreveu na rede social X Magalli Meda, chefe de campanha de María Corina Machado, refugiada no local desde 20 de março ao lado de cinco colegas.