Agência de notícias
Publicado em 21 de fevereiro de 2025 às 06h49.
Última atualização em 21 de fevereiro de 2025 às 06h50.
O Senado da Argentina aprovou e transformou em lei um projeto defendido pelo presidente Javier Milei para suspender as primárias obrigatórias, que seriam realizadas antes das eleições legislativas de outubro, sob argumento de redução de custos. A votação foi uma vitória para Milei em uma semana marcada pela sua participação em um escândalo envolvendo criptomoedas e que lhe rendeu uma investigação na Justiça.
A iniciativa foi aprovada com 43 votos a favor, 20 contra e seis abstenções, e agora segue para sanção de Milei. Com isso, o país não terá as eleições primárias, abertas, simultâneas e obrigatórias (PASO), custeadas pelo Estado e que escolhem os candidatos dos partidos aos cargos em disputa. A votação por vezes é considerada um termômetro antes das eleições de fato.
O plano original dos governistas era eliminar em definitivo as PASO, mas não teve apoio para tal. Como alternativa, apresentaram um projeto para suspender as primárias deste ano, que seriam realizadas antes das eleições de 26 de outubro, que renovarão metade da Câmara e um terço do Senado.
Agora, os partidos poderão realizar, de forma voluntária as primárias, mas terão que pagar por elas.
"As PASO, que foram apresentadas para resolver a falta de consenso, se revelaram apenas uma pesquisa cara que aumentou os gastos do Estado", disse o senador governista Bruno Olivera Lucero, em discurso no plenário.
Milei presenteia Elon Musk com motosserra nos EUANa semana passada, o projeto foi aprovado na Câmara dos Deputados com 162 votos a favor, 55 contra e 28 abstenções. Os críticos da suspensão argumentam que as primárias enriquecem a democracia e facilitam a candidatura a cargos eletivos.
"Estou convencido de que o sistema das PASO é um sistema válido para qualquer cidadão se apresentar por meio de um espaço político para consideração dos eleitores, mesmo sem a necessidade do apoio ou da estrutura de um partido político", disse o senador da oposição Pablo Blanco.
Para a cientista política Paula Clerici, a medida poderia beneficiar o governo, uma vez que se “houver fragmentação das oposições”, e se “houver facções internas em alguns partidos que não contem com um lugar nas listas eleitorais, elas poderão romper e concorrer por fora com outro nome”.
A vitória no Senado foi um raro momento positivo para Milei nos últimos dias. O presidente foi acusado de promover uma criptomoeda, na semana passada, que, após registrar uma forte alta, desmoronou, provocando prejuízos e levando a uma investigação formal. Na segunda-feira, um tribunal foi designado para determinar se Milei incorreu em associação criminosa, estelionato e descumprimento dos deveres de funcionário público. Nesta quinta-feira, antes da votação sobre as primárias, o mesmo Senado rejeitou, por um voto, a criação de uma comissão de inquérito sobre o "criptogate".
O presidente afirma ter agido de boa fé, mas uma entrevista aparentemente combinada na TV, e as declarações do criador da criptomoeda afirmando que teria subornado a irmã de Milei, Karina, não melhoraram sua situação diante da Justiça.