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Em três meses, 1% da população de Gaza morreu na guerra; entenda

Valor corresponde a mais de 16 vezes o número de vítimas fatais entre judeus desde 7 de outubro, quando teve início o conflito

Jovem palestino: grande parte das vítimas são crianças (FADEL SENNA/Getty Images)

Jovem palestino: grande parte das vítimas são crianças (FADEL SENNA/Getty Images)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 6 de janeiro de 2024 às 10h30.

A guerra entre Israel e o Hamas já causou a morte de ao menos 22.600 pessoas na Faixa de Gaza, segundo o último balanço do Ministério da Saúde do grupo islâmico palestino, divulgado na sexta-feira.

O valor corresponde a cerca de 1% da população total do enclave no período anterior a 7 de outubro, quando teve início o conflito armado, em resposta à ofensiva lançada pelo Hamas em território israelense — o pior desde a formação do Estado judeu, em 1948, com 1,2 mil mortos e 240 reféns.

Vista de maneira isolada, a proporção parece pequena. Mas 1% da população de um país como o Brasil, por exemplo, seria o equivalente a 2,14 milhões de pessoas — ou todo o estado de Sergipe (2,22 milhões), segundo dados do IBGE.

Se compararmos com a Índia, que em 2023 se tornou o Estado mais populoso do mundo, a fatia de 1% representaria a morte de mais de 14 milhões de pessoas, um valor superior à população da cidade de São Paulo (12,33 milhões).

No Rio de Janeiro, 1% significaria exterminar, em apenas três meses, a população inteira da Rocinha, a maior favela do país, onde moram cerca de 67 mil pessoas, de acordo com o censo de 2022. A proporção de mortos também seria suficiente para quase lotar o Estádio do Maracanã, o maior do Brasil, cuja capacidade total é de 78.838 pessoas.

As comparações são infinitas. Um por cento da população de São Paulo, por exemplo, daria para encher o Estádio do Morumbi duas vezes e o Estádio do Pacaembu três.

Se considerado o número absoluto de mortos em Gaza desde o início da guerra, seria o mesmo que imaginar o bairro do Catete, no Rio, ou a região da Sé, no centro de São Paulo, completamente desabitados.

Os 22.600 palestinos que perderam a vida no conflito também correspondem a mais de 16 vezes o número de mortes entre judeus nos últimos três meses — foram 1.200 em 7 de outubro, a maioria civis, e 175 soldados desde então.

Maior do que nunca

Conflitos entre Israel e árabes por causa da ocupação da Palestina causaram mortes em praticamente todos os anos deste milênio, mas a violência dos ataques terroristas da organização Hamas em outubro de 2023, seguida de uma ação militar israelense, equivale a uma década inteira de conflitos.

Já nos primeiros oito dias de guerra, o número de mortos em Israel e Gaza superou a soma dos últimos oito anos de conflitos na região, com mais de 2 mil vítimas fatais em ambos os lados, entre civis e grupos armados, segundo dados do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha, na sigla em inglês).

Para o secretário-geral da ONU, António Guterres, o número de civis mortos em Gaza é “incomparável e sem precedentes” em relação a qualquer conflito desde 2017, quando ele assumiu o cargo nas Nações Unidas.

"O que está claro é que em poucas semanas tivemos milhares de crianças mortas", disse Guterres, no final de novembro, durante uma entrevista coletiva. "Estamos testemunhando uma matança de civis sem paralelo e sem precedentes em qualquer conflito desde que sou secretário-geral."

Últimas atualizações

Os números devem continuar aumentando. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, visitou Gaza no dia do Natal e prometeu intensificar ainda mais a ofensiva contra o Hamas, dizendo que continuará lutando e que a guerra está longe do fim, segundo um comunicado de seu partido, o Likud.

"Será uma guerra longa que não está perto de terminar", afirmou, após uma visita ao território sitiado.

O chefe de assistência da ONU alertou na sexta-feira que a Faixa de Gaza se tornou "inabitável" e pediu o fim imediato do conflito.

"Três meses após os terríveis ataques de 7 de outubro, Gaza se tornou um lugar de morte e desespero", disse o subsecretário-geral para Assuntos Humanitários e coordenador de ajuda emergencial, Martin Griffiths, em um comunicado.

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