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Em Tóquio, Kerry defende mudança de estratégia para Ásia

O "redirecionamento" dos EUA para a Ásia tem causado mal-estar em Pequim, que tende a concentrar-se nas dimensões militares da estratégia

John Kerry:  "A Coreia do Norte deve tomar medidas significativas para mostrar que vai honrar compromissos já feitos, e tem que observar as leis e as normas de comportamento internacional", disse. (REUTERS/Paul J. Richards/Pool)

John Kerry: "A Coreia do Norte deve tomar medidas significativas para mostrar que vai honrar compromissos já feitos, e tem que observar as leis e as normas de comportamento internacional", disse. (REUTERS/Paul J. Richards/Pool)

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Da Redação

Publicado em 15 de abril de 2013 às 19h48.

Tóquio - O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, defendeu a reorientação da política externa de Washington para a Ásia nesta segunda-feira, ao encerrar uma viagem para a região dominada por preocupações sobre o programa nuclear da Coreia do Norte.

O "redirecionamento" dos Estados Unidos para a Ásia tem causado mal-estar em Pequim, que tende a concentrar-se nas dimensões militares da estratégia e vê-la como uma forma de conter a ascensão da China.

No trecho final de uma viagem de 10 dias, que incluiu paradas em Seul e Pequim, Kerry procurou atenuar as preocupações chinesas mesmo quando ofereceu garantias aos aliados dos EUA, como Japão e Coreia do Sul, de que os Estados Unidos não estavam indo a lugar nenhum.

"Algumas pessoas podem ter dúvidas do compromisso dos EUA com a região", disse Kerry a alunos do Instituto de Tecnologia de Tóquio. "Meu compromisso com vocês é que, como uma nação do Pacífico que leva a sério a nossa parceria do Pacífico, vamos continuar a trabalhar em nossa presença ativa e duradoura." Os Estados Unidos reforçaram a sua presença militar na região nas últimas semanas, com a implantação de dois sistemas de mísseis de defesa após repetidas ameaças da Coreia do Norte de atacar os Estados Unidos e seus aliados.

O Norte aumentou sua linguagem ameaçadora após o Conselho de Segurança da ONU impor novas sanções em resposta a seu mais recente teste de armas nucleares -- o terceiro --, em fevereiro. Cresceu a especulação sobre um novo lançamento de míssil ou teste nuclear.

Kerry destacou seu interesse em uma solução diplomática.

"Os Estados Unidos continuam abertos a negociações autênticas e críveis sobre a desnuclearização, mas o ônus está sobre Pyongyang", disse ele. "A Coreia do Norte deve tomar medidas significativas para mostrar que vai honrar compromissos já feitos, e tem que observar as leis e as normas de comportamento internacional".


No domingo à noite, no entanto, Kerry pareceu abrir a porta para conversar sem exigir que o Norte tome medidas de desnuclearização com antecedência. Pequim, afirmou ele, poderia ser um intermediário.

"Se os chineses vierem até nós e disserem: 'olha, aqui está o que estamos preparando e assim por diante', eu não vou dizer a vocês que eu estou fechando a porta hoje para algo que é lógico e que pode ter uma chance de sucesso", disse ele.

A desnuclearização, afirmou ele à ABC News em uma entrevista, "significa que você elimina as suas instalações de enriquecimento atuais e as instalações de produção, e deixa claro que você será um Estado não-nuclear." Se o líder norte-coreano, Kim Jong-un, concordar em parar de tentar construir seu arsenal nuclear, as negociações de paz podem reabrir, declarou Kerry em uma entrevista separada.

Enquanto sinalizava o apoio dos EUA a seus aliados asiáticos, Kerry também disse em um discurso que ele não queria que as disputas territoriais entre Japão e China comprometessem a segurança da região e a prosperidade.

"É tempo também de colocar as longas disputas territoriais para trás", disse ele. "Os riscos são muito elevados e a economia global é frágil demais para qualquer um para permitir que esses problemas herdados dividam a região." As tensões entre as duas nações cresceram no ano passado sobre as reivindicações rivais de um grupo de ilhas no Mar da China Oriental.

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