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Em meio a processo eleitoral, 122 candidatos foram mortos no México

Segundo especialistas, esta foi a campanha mais violenta já registrada no país. As eleições gerais estão marcadas para o próximo domingo (1º)

Mortes: ao menos 104 homens foram assassinados e 18 mulheres, de acordo com o último relatório (Alexandre Meneghini/Reuters)

Mortes: ao menos 104 homens foram assassinados e 18 mulheres, de acordo com o último relatório (Alexandre Meneghini/Reuters)

AB

Agência Brasil

Publicado em 28 de junho de 2018 às 10h13.

Última atualização em 28 de junho de 2018 às 11h14.

A campanha eleitoral no México foi marcada por diversos casos de violência e homicídios. Segundo especialistas, esta foi a campanha mais violenta já registrada no país. O Instituto Nacional Eleitoral (INE) confirmou que, até o início desta semana, 122 candidatos e pré-candidatos foram assassinados. Analistas, defensores de direitos civis e autoridades apontam os grupos organizados, chamados de cartéis, como responsáveis pelas mortes. As eleições gerais no país estão marcadas para o próximo domingo (1º).

A consultoria independente do México Etellekt considera o período de setembro de 2017 a junho de 2018 para análise. Ao menos 104 homens foram assassinados e 18 mulheres, de acordo com o último relatório. No mesmo período, foram assassinados 351 funcionários públicos - mortes não associadas à campanha eleitoral.

O México tem 31 estados e mais o Distrito Federal. De acordo com a México Etellekt, as regiões mais violentas são Guerrero, com 27 mortes, e Oaxaca, com 19. O maior número de agressões ou ameaças contra políticos na campanha eleitoral de 2017 a 2018 foi registrado nos estados de Guerrero, com 53 e no estado do México, com 40.

Em várias ocasiões, o presidente do INE, Lorenzo Córdova, negou que a violência interfira no processo eleitoral. Segundo ele, as eleições estão inseridas em um contexto de violência que já estava definido. "O ano passado foi o mais violento da história do país independentemente das eleições", ponderou.

Cartéis

O sociólogo Javier Monroy, coordenador do Tadeco, organismo civil do estado de Guerrero, disse à Agência Brasil que os números são uma amostra da "interferência do narcotráfico na política mexicana". De acordo com ele, os crimes não se limitam a ideologia ou tendência política.

"Foram assassinatos de políticos de diferentes partidos e diferentes correntes. O que vimos aqui são mortes que decorrem de compromissos, conflitos de interesses e disputas dos grupos criminais que lutam entre si por regiões", afirmou. "Há também casos de políticos assassinados que entraram em conflito em campanha com esses atores locais."

Formado em Sociologia pela Universidade Autônoma do México (Unam), Monroy se dedica à comunidade em Guerrero, coordenando oficinas comunitárias do comitê de desaparecidos no estado. Segundo ele, na organização em que atua, houve ameaças de mortes e agressões. A entidade trabalha em defesa dos direitos humanos e da punição de criminosos.

Mais segurança

A Anistia Internacional no México avalia que a morte de políticos é um reflexo da violência geral que afeta o país. No primeiro trimestre, foram registrados 7.667 homicídios, quase 20% mais que no mesmo período do ano passado.

"A violência na política e a violência em geral mostram que a guerra às drogas fracassou e o que se vê agora é que o narcotráfico ganhou espaço nestes 10 anos em que foi combatido militarmente", afirmou Raquel Aguilera, uma das representantes do escritório da Anistia no México.

Em entrevista à Agência Brasil, Raquel disse que a Anistia acompanha a campanha eleitoral e pediu que o governo garanta a segurança aos eleitores na votação de domingo (1º).

"Para a Anistia Internacional é muito importante que cada região seja acompanhada e que também os candidatos majoritários se posicionem sobre este tema da segurança de maneira mais clara e com propósitos definidos", destacou.

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