Venezuela: a diáspora de venezuelanos se assemelha à crise dos refugiados no Mediterrâneo, segundo a ONU (Douglas Juarez/Reuters)
Reuters
Publicado em 28 de agosto de 2018 às 17h08.
Caracas - O governo da Venezuela anunciou nesta terça-feira que 89 de seus cidadãos que estavam no Peru foram repatriados depois de encontrarem "humilhações e tratamento cruel" no momento em que aumenta um êxodo que, segundo cálculos da Organização das Nações Unidas (ONU), significa que 2,3 milhões de venezuelanos vivem no exterior.
O país petroleiro de cerca de 30 milhões de habitantes atravessa uma crise econômica com hiperinflação e recessão, o que vem provocando uma diáspora que se assemelha à crise dos refugiados no Mediterrâneo, segundo a agência de migrações da ONU.
Em meio a este fluxo, um grupo procedente de Lima chegou em um avião da empresa aérea estatal Conviasa na noite de segunda-feira ao aeroporto internacional, como mostraram imagens exibidas pela televisão estatal.
Os venezuelanos haviam entrado em contato com a embaixada da Venezuela em Lima "para solicitar apoio e conseguir sua repatriação", disse o Ministério de Relações Exteriores em um comunicado lido na TV estatal.
Eles atravessaram as fronteiras atendendo a "cantos de sereia", acrescentou a chancelaria, sem dar detalhes do grupo, que incluía crianças, segundo a transmissão de TV.
A chancelaria disse que os repatriados relataram ter sido submetidos a "humilhações, a tratamento cruel e desumano" e xenofobia.
Alguns dos venezuelanos falaram brevemente sobre sua experiência com os canais oficiais à saída do avião e na imigração, mas não houve acesso a outros meios.
A experiência foi "dura. Não é o que se esperava. As condições são fortes, mas a pessoa aguenta. Mas a pátria é a pátria, a família é a família", disse Andy Arias à TV oficial em sua chegada ao aeroporto.
"A Venezuela recebe hoje este grupo de filhos e filhas para que retomem sua vida com alegria (...) voltam aos seus lares para gozar como sempre de uma vida plena de liberdades, proteção social e de solidariedade", disse a chancelaria venezuelana.
O governo do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, não disse se realizará outras repatriações, e o Ministério das Comunicações não respondeu de imediato um email pedindo comentário sobre o assunto.
Um funcionário da chancelaria peruana disse que, por ora, esta não fará comentários sobre os venezuelanos que regressaram ao seu país e que está buscando uma resposta regional à crise imigratória.
Dias antes da volta do grupo de imigrantes, o presidente de uma ONG de imigrantes venezuelanos no Peru, Oscar Pérez, disse que Maduro está comprando passagens aéreas para que "governistas" voltem a Caracas e critiquem a vida fora da Venezuela.