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Em Israel, o vale tudo de Netanyahu na reta final de campanha

Primeiro-ministro se aproxima de aliados internacionais, ataca minorias árabes e promete anexar Vale do Jordão como tentativa de se manter no poder

Benjamyn Netanyahu: primeiro-ministro convocou novas eleições cinco meses depois por não ter conseguido formar uma coalizão de governo (Amir Cohen/Reuters)

Benjamyn Netanyahu: primeiro-ministro convocou novas eleições cinco meses depois por não ter conseguido formar uma coalizão de governo (Amir Cohen/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 16 de setembro de 2019 às 05h57.

Última atualização em 16 de setembro de 2019 às 06h40.

São Paulo — Cinco meses depois de eleições gerais, Israel vai às urnas mais uma vez nesta terça-feira. No pleito de abril, Benjamin Netanyahu, no poder há 13 anos no país, conseguiu a maioria dos votos, mas falhou em formar uma coalizão de governo entre os partidos judeus ultra-ortodoxos e os seculares. Agora, o líder conduz uma campanha eleitoral desesperada para tentar se manter ao poder.

Netanyahu enfrenta processos por corrupção e fraude. Para ele, permanecer no posto de primeiro-ministro seria uma forma de facilitar sua defesa. Por isso, ele dissolveu o parlamento e apostou suas fichas em uma nova eleição. As últimas pesquisas de opinião mostram que sua estratégia não deu tão certo. O partido Azul e Branco, liderado pelo militar Benny Gantz, tem mais intenções de voto.

Com a possibilidade de derrota se tornando mais concreta, Netanyahu tenta atrair eleitores com diferentes linhas de discurso. Na sexta-feira, ele publicou o resultado de uma pesquisa que mostrava o Azul e Branco em empate técnico com seu partido, Likud, e provocou os seguidores: “todos que querem um governo de direita no poder precisam sair e votar”.

Há um temor de que o número de abstenções nesta eleição de terça-feira aumente, já que os israelenses podem não querer sair para votar duas vezes no mesmo ano. Em abril, a taxa de comparecimento foi de 68%, quatro pontos percentuais abaixo da de 2015. Analistas avaliam que a queda foi devido à pouca participação dos árabes-israelenses. Só 49% desse grupo votou na última eleição, em uma queda de participação de 15 pontos.

O primeiro-ministro ataca novamente os árabes, que são um quinto da população do país, para ativar seu eleitorado. Este ano, acusa os cidadãos árabes de fraude eleitoral. Na última quinta-feira 12, o Facebook informou que suspendeu um chatbot operado pela campanha de Netanyahu por violar as regras da plataforma quanto a discurso de ódio.

Os robôs estavam enviando mensagens aos apoiadores do Likud dizendo que os políticos árabes queriam “destruir nós todos” e que a única forma de evitar um “governo perigoso de esquerda” era comparecendo às urnas.

No Facebook, Netanyahu também tem postado fotos e vídeos de seus encontros com os presidentes Donald Trump, dos Estados Unidos, Vladimir Putin, da Rússia, e o primeiro-ministro indiano Narendra Modi. Nas eleições de abril ele também usou seus contatos internacionais para se posicionar como um líder bem relacionado, mas a tática tem sido menos bem sucedida agora.

No dia 10 de setembro, uma semana antes da eleição, Netanyahu disse que anexaria partes ocupadas do Vale do Jordão ao território israelense, para obter apoio dos setores mais à direita do eleitorado.

O movimento foi criticado internacionalmente, inclusive por seus aliados. Na véspera de uma visita ao presidente Putin na semana passada, o governo russo emitiu um comunicado condenando sua fala sobre anexar regiões do Vale do Jordão. Nem mesmo os Estados Unidos deram um grande apoio público à ideia.

Dentro de Israel, a proposta dividiu opiniões. O Azul e Branco acusou o Likud de estar roubando sua proposta. “Estamos felizes por Netanyahu ter adotado o plano Azul e Branco para reconhecer o vale do Jordão”, disse Gantz. Os israelenses também desconfiam da possibilidade de efetivação da promessa, já que o primeiro-ministro está no poder há mais de uma década e nunca fez um movimento real pela anexação.

Nesta reta final, Netanyahu está mais preocupado em angariar os votos necessários do que com a coerência política e as boas maneiras.

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