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Em 'guerra' com 'Airbnbs ilegais', prefeitura de Paris faz batidas nos bairros mais caros da cidade

Na cidade, que sediará as Olimpíadas de 2024, proprietário pode alugar sua própria casa por até 120 dias por ano e, se tiver outros imóveis, não pode fazer locação por temporada; Objetivo é garantir aluguéis tradicionais

Paris: O objetivo da prefeitura pode parecer, a primeira vista, contraditório, uma vez que o turismo é uma das principais fontes de renda de Paris (Diego Puletto/Getty Images)

Paris: O objetivo da prefeitura pode parecer, a primeira vista, contraditório, uma vez que o turismo é uma das principais fontes de renda de Paris (Diego Puletto/Getty Images)

Agência o Globo
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Publicado em 25 de setembro de 2023 às 09h15.

Última atualização em 25 de setembro de 2023 às 09h41.

Nos requintados prédios dos bairros mais turísticos de país, uma tropa especializada da prefeitura da cidade faz batidas para assegurar que a locação por temporada, em plataformas como o Airbnb, respeitam a regra francesa para este tipo de negócio, cada vez mais estrita e, ao mesmo, tempo, ignorada por muitos proprietários.

"Se encontramos turistas aqui, será uma fortuna em multa", explica, de forma entusiasmada, Ingrid Simon, instrutora juramentada pela prefeitura, antes de entrar em um prédio elegante do sexto distrito de Paris, que começa às margens do rio Sena , engloba partes do turístico Quartier Latin e que conta com o imponente Jardim de Luxemburgo. De fato, um dos metros quadrados mais caros da capital francesa.

Turismo x moradia

O objetivo da prefeitura pode parecer, a primeira vista, contraditório, uma vez que o turismo é uma das principais fontes de renda de Paris, a cidade mais visitada do mundo. Mas, até pelo sucesso da atividade, está cada vez mais caro para os moradores encontrarem alugueis tradicionais na Cidade Luz.

Detrás de uma elegante porta vermelha de um prédio do boulevard Saint-Germain, não um, nem dois apartamentos, mas todo o prédio pertence ao mesmo proprietário, suspeito pela prefeitura de criar um verdadeiro "hotel ilegal", alugando as propriedades a turistas por temporada.

Com Jean-David, também funcionários da prefeitura, Ingrid Simon faz parte da equipe que recorrer ruas e edifícios da capital francesa em busca de alojamentos alugados de forma ilegal por curtos períodos turísticos.

Os detalhes não enganam os especialistas: caixas de correios sem nome de morador onde ninguém recolhe os panfletos de propaganda ou campainhas com uma música comum de um site da internet para aluguel por temporada.

120 dias ao ano

Em Paris, onde encontrar um aluguel tradicional se tornou uma verdadeira dor de cabeça, a regra da locação por temporada "é simples", asseguram os responsáveis da prefeitura à AFP: "Se você tem apenas um apartamento, tem o direito de alugar por temporada por até 120 dias ao ano. Se tem um segundo ou mais imóveis, não tem o direito de alugar por temporada, a não ser que tenha uma autorização especial da prefeitura, que exigirá um mecanismo de compensação" afirmou Simon.

No prédio que estava em investigação, ninguém responde à campainha. Ainda é cedo, pouco depois das 9h. "Temos que interceptar os turistas antes que eles saiam para visitar a cidade", assegurou a funcionária da prefeitura. Poucos minutos depois, contudo, os agentes interceptam a turistas australianos que descem as escadas. Isso confirma o aluguel por temporada dos apartamentos e, após examinar as reservas dos australianos, confirmam suas suspeitas

Olimpíadas de 2024

Junto à porta de cada apartamento do prédio há pequenas caixas de segurança que se abrem mediante senhas, feitas para que os turistas possam recolher as chaves do apartamento de forma autônoma, o que confirma ainda mais a fraude.

Essa é a primeira fase da inspeção. "Depois da visita, vamos atrás de mais dados. Também vamos atrás do proprietário, para que ele dê seus argumentos, e então enviamos o caso para a justiça", explica Jean-David.

É provável que este tipo de fiscalização se intensifique com a chega dos Jogos Olímpicos de 2024, mas, segundo os agentes, a ideia não é a repressão.

"Não queremos que os apartamentos sejam convertidos em hoteis clandestinos ou alugados todo oano aos turistas. Isso nos impede de ter apartamentos na cidade, que precisa desesperadamente de moradia aos seus trabalhadores", conclui Jean-David.

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