Operários ficam expostos à radiação enquanto tentam conter ameaça nuclear (AFP)
Da Redação
Publicado em 29 de março de 2011 às 07h28.
Tóquio - Cerca de 400 operários trabalham na usina nuclear Fukushima Daiichi sujeitos a uma rígida disciplina, que os mantém ocupados desde as 6h, alimentados com porções contadas e sem poder falar com seus familiares.
Os trabalhadores da Tokyo Electric Power Company (Tepco) e os terceirizados da operadora da usina vivem de comida desidratada e água mineral, e às vezes é preciso racionar, indicou nesta terça-feira à agência local "Kyodo" um funcionário da Agência de Segurança Nuclear do Japão.
Após tomar um parco café da manhã de bolachas salgadas e sumo de frutas, os operários se dirigem a seus postos de trabalho na central de Fukushima, onde se expõem a altos índices de radiação e acidentes.
Na última quinta-feira, dois trabalhadores sofreram queimaduras por pisar em água radioativa e foram hospitalizados.
Os operários enfrentam uma frenética jornada na qual tentam estabilizar os reatores, restabelecer a eletricidade e religar os sistemas de refrigeração, enquanto os problemas de vazamento se multiplicam.
Kazuma Yokota, da Agência de Segurança Nuclear, que compartilhou a rotina dos trabalhadores na usina durante cinco dias, disse hoje que em algumas ocasiões os empregados precisaram racionar a água que bebiam por falta de provisões e que não recebem almoço.
Estas duras condições fazem com que às 17h, quando normalmente termina a jornada de trabalho, "estejam destruídos", segundo Yokota.
Antes de descansarem em dormitórios improvisados em salas de conferência ou vestiários, os trabalhadores jantam, em refeição composta por arroz desidratado e uma lata de carne em conserva por pessoa.
Às 20h, os operários se reúnem para trocar informações sobre sua jornada e finalizam o encontro entoando canções de ânimo.
Para se isolarem da radiação do solo enquanto dormem, os funcionários desdobram lâminas que contêm chumbo antes de estender seus cobertores. Os trabalhadores de Fukushima sofrem diariamente no interior da central exposição à radiação entre 2 e 3 microsievert, sendo que é de 5 o limite recomendado pelo Governo do Japão.
Devido a esta dura rotina, durante a qual não podem falar com suas famílias porque os telefones celulares não funcionam, a maioria dos trabalhadores é substituída por outra leva após uma semana.