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Em Fukushima, Noda promete trabalhar duro para controlar a crise nuclear

Novo primeiro-ministro vestiu um traje protetor para visitar as instalações da central nuclear, onde a situação de emergência ainda não foi estabilizada

Entre as questões que o governo de Noda e as autoridades provinciais vêm debatendo está a proposta de construir em Fukushima um depósito para o material contaminado (Toru Yamanaka/AFP)

Entre as questões que o governo de Noda e as autoridades provinciais vêm debatendo está a proposta de construir em Fukushima um depósito para o material contaminado (Toru Yamanaka/AFP)

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Da Redação

Publicado em 8 de setembro de 2011 às 06h56.

Tóquio - O primeiro-ministro japonês, Yoshihiko Noda, reforçou nesta quinta-feira seu compromisso para estabilizar a danificada usina nuclear de Fukushima em sua primeira viagem como chefe de Governo.

Oficialmente no cargo desde a última sexta-feira, Noda vestiu um traje protetor para visitar as instalações da central de Fukushima Daiichi, onde a situação de emergência nuclear ainda não foi estabilizada.

Trata-se da segunda viagem de um primeiro-ministro à usina desde o início da crise, depois que o ex-chefe de Governo Naoto Kan a visitou em 12 de março, horas depois do terremoto e do tsunami que devastou o nordeste do Japão e provocou o acidente na central.

Na usina, Noda tentou levantar o moral dos técnicos que trabalham na central e lembrou que "todos neste país e no mundo todo" desejam que seja controlada a situação provocada pelo acidente, informou a agência local "Kyodo".

"Vocês são a chave para superar esta crise. Eu também trabalharei duro em cooperação com vocês", disse o primeiro-ministro aos 200 trabalhadores presentes na usina.

Precisamente o valor dos homens e das mulheres que ajudaram a conter o alcance do desastre, os "Heróis de Fukushima", foi reconhecido ontem com a concessão do Prêmio Príncipe de Astúrias da Concórdia por seu "exemplo de coragem diante da adversidade, sentido do dever, defesa do bem comum e consciência cívica".

Os edifícios onde estes trabalhadores levaram a cabo seu trabalho foram inspecionados nesta quinta-feira por Noda, que comprovou de perto seu estado e foi informado dos progressos para levar os reatores a uma "parada fria".

Tanto a operadora da central, a Tokyo Electric Power Company (Tepco), como o Governo se propuseram a alcançar esse objetivo até janeiro de 2012.

A previsão é que antes disso haja uma diminuição radical dos níveis de radioatividade na central, que entre 21 de março e 30 de abril pode ter vazado ao mar 15 mil terabecquerels de césio e iodo radioativo, segundo cálculos publicados hoje pela Agência japonesa da Energia Atômica.


Durante sua viagem a Fukushima, na qual esteve acompanhado dos ministros de Reconstrução, Goshi Hosono, e Indústria, Yoshio Hachiro, Noda também visitou um centro de treinamento da seleção japonesa de futebol transformado em centro de operações para conter a crise nuclear.

Vestido desta vez com um macacão azul, o primeiro-ministro agradeceu o trabalho dos soldados do acampamento, dos quais disse estar "realmente orgulhoso" como chefe das Forças de Autodefesa e aos quais lembrou os elogios públicos por seu trabalho para resfriar os reatores e descontaminar as zonas divisórias da central.

No programa do novo chefe de Governo, cuja principal meta é promover a reconstrução das zonas devastadas pelo terremoto e o tsunami de 11 de março, também esteve a visita a uma escola primária e uma reunião com o governador da província de Fukushima, Yuhei Sato.

Entre as questões que o governo de Noda e as autoridades provinciais vêm debatendo está a proposta de construir em Fukushima um depósito temporário para armazenar as toneladas de material contaminado pela radioatividade, algo a que Sato se mostra reticente.

O novo primeiro-ministro, que chegou ao poder após a renúncia de Naoto Kan, muito criticado por sua gestão no desastre de março, deve viajar amanhã ao sul do Japão para avaliar os danos causados no último fim de semana pelo tufão "Talas", que deixou mais de 100 vítimas, entre mortos e desaparecidos.

No sábado, um dia antes que se completem seis meses da tragédia mais grave sofrida pelo Japão após a Segunda Guerra Mundial, Noda se deslocará às províncias de Iwate e Miyagi, ambas devastadas pelo tsunami que provocou a pior crise nuclear em 25 anos.

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