Trump: "comecemos esta noite, reconhecendo que o estado da nossa união é forte porque nosso povo é forte (Leah Millis/Reuters)
AFP
Publicado em 31 de janeiro de 2018 às 07h17.
O presidente Donald Trump fez um chamado, nesta terça-feira, à unidade dos americanos para criar um país "seguro, forte e orgulhoso", e pediu ao Congresso que aprove uma controversa reforma migratória.
Em seu primeiro discurso sobre o estado da União, que durou uma hora e 20 minutos, o presidente defendeu as conquistas de seu governo e reforçou sua intenção de priorizar os interesses americanos.
Após um ano repleto de polêmicas, Trump fez um chamado a "deixar de lado nossas diferenças, buscar um terreno comum e construir a unidade que precisamos para oferecê-la às pessoas que nos elegeram para servi-las".
"Comecemos esta noite, reconhecendo que o estado da nossa união é forte porque nosso povo é forte", disse Trump. "E juntos, estamos construindo uma América segura, forte e orgulhosa".
"Todos nós, juntos, como uma equipe, uma pessoa, uma família americana", expressou.
Boa parte do discurso se concentrou na urgência de aprovar uma reforma migratória, que permitiria também desbloquear o diálogo político no Congresso e permitir a aprovação do orçamento federal.
Trump defendeu a proposta lançada na semana passada pela Casa Branca, que abre a porta para a nacionalização de 1,8 milhão de estrangeiros em situação irregular, mas que vem acompanhada de medidas rígidas para conter a imigração.
O governo pede 25 bilhões de dólares para construir um muro na fronteira com o México, reforça drasticamente a vigilância das fronteiras, interrompe o reagrupamento familiar, reduz a cota de imigrantes legais e suspende a loterias de vistos.
"É o momento de reformar essas regras migratórias obsoletas e finalmente trazer nosso sistema migratório para o século XXI", disse Trump.
Trump também anunciou um ambicioso plano de investimentos no valor de 1,5 trilhão de dólares no prazo de uma década para renovar a decadente infraestrutura do país, em especial no setor de transportes.
"Construiremos novas estradas, pontes, autopistas, ferrovias e vias navegáveis em nossa terra", disse Trump, acrescentando que, para ele, é necessário reduzir as regulações que impedem que os projetos avancem rapidamente.
O presidente também reiterou que seu governo está determinado a adotar novas normas em suas relações comerciais, deixando de lado "acordos injustos".
Em seu discurso, Trump alertou que países como a China e a Rússia ameaçam os interesses, a economia e os "valores" americanos, e advertiu que a Coreia do Norte poderia "muito em breve" desenvolver a capacidade para ameaçar o território americano com seus mísseis nucleares.
A nova "mão dura" de Washington ficou em evidência com o anúncio sobre uma diretiva ao Secretário de Defesa, Jim Mattis, para que "reexamine nossa política de detenção militar e mantenha abertas as instalações de detenção em Guantánamo".
De acordo com Trump, no passado os Estados Unidos liberou "centenas e centenas de terroristas perigosos, e os encontrou novamente no campo de batalha", e isso justifica manter aberta a prisão de Guantánamo.
Essa prisão foi aberta após a invasão do Afeganistão por tropas americanas, realizada após os atentados de 11 de setembro de 2001, e recebeu desde então centenas de prisioneiros.
O governo de Barack Obama se propôs a fechar esse centro de detenção, mas a resistência do Congresso freou o processo, que terminou sendo enterrado pela chegada de Trump à Casa Branca.
Para a oposição democrata, o discurso de Trump foi apenas um compilado de frases de efeito que escondeu a realidade do país.
O Senador Bernie Sanders, ex-aspirante à presidência, disse que é necessário "tratar seriamente a questão migratória, mas isso não significa dividir famílias e reduzir a imigração legal em 25% ou 50%."
A resposta oficial do Partido Democrata foi dada pelo jovem legislador Joe Kennedy III, sobrinho-neto do ex-presidente John Kennedy.
Ele criticou um governo que parece ter declarado "uma guerra aberta à proteção ambiental", e apontou que "a administração não ataca apenas as leis que nos protegem, mas a própria ideia de que todos merecemos proteção".
Elizabeth Guzmán, imigrante peruana que atualmente é delegada democrata na legislatura de Virgínia, formulou a resposta de seu partido destinada ao eleitorado hispânico.
O governo de Trump, disse, ameaça arrastar o país de volta "a um passado vergonhoso, no qual nosso povo foi julgado, não pela qualidade de seu caráter, mas pela cor de sua pele e suas crenças religiosas".