Eleições americanas: Biden e Sanders se cumprimentaram com o cotovelo diante do surto de coronavírus (Kevin Lamarque/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 16 de março de 2020 às 09h10.
Última atualização em 16 de março de 2020 às 09h13.
Em seu primeiro debate como únicos pré-candidatos democratas, o ex-vice-presidente Joe Biden e o senador Bernie Sanders destacaram suas diferenças de maneira cordial e fizeram questão de ressaltar que apoiarão imediatamente quem for indicado para enfrentar Donald Trump em novembro.
Questionados sobre o pretendem fazer contra a desigualdade de gênero, ambos se comprometeram a escolher uma mulher como vice. Ambos têm disputado o apoio da senadora Elizabeth Warren, que entre outras propostas defende educação gratuita, pelo menos parcial, no ensino universitário. Sanders afirmou que apoiava essa proposta há quatro anos, enquanto Biden só aderiu a ela agora.
"Isso é liderança. É ter coragem de defender uma proposta quando ela era considerada radical", afirmou o senador. Biden disse então ter tomado posições minoritárias, ao ser um dos primeiros a defender o casamento gay. Biden provocou o rival afirmando que "as pessoas querem resultados, não uma revolução". Sanders se apresenta como um socialista democrático.
O primeiro tema da noite foi a crise sanitária causada pela entrada do coronavírus nos EUA. Sanders se mostrou contrário a um socorro a bancos e empresas afetados pela redução no ritmo econômico, mencionando a ajuda estatal dada na crise de 2008. Biden defendeu a medida adotada na época, dizendo que os bancos devolveram os empréstimos.
Em uma pergunta que relacionava o coronavírus ao medo dos imigrantes ilegais de se apresentar em hospitais e serem deportados, ambos afirmaram que os estrangeiros nesta condição não deveriam ser detidos. Diante da pergunta sobre o que estavam fazendo para se proteger da infecção pelo vírus, uma vez que são septuagenários, Sanders disse sorrindo que havia evitado apertar a mão de Biden. O ex-vice-presidente de Barack Obama devolveu o sorriso.
O clima amistoso permeou o debate, no qual ambos passaram a se chamar pelos apelidos "Joe" e "Bernie". Atrás na busca por delegados que garantem a indicação do partido, Sanders foi mais agressivo. Questionou se Biden, quando senador, já havia votado pelo corte em investimentos na seguridade social. Após a negativa do rival, afirmou que os espectadores do debate - transmitido em um estúdio sem plateia da CNN em Washington - procurassem a verdade na internet. "Vão para o YouTube e vejam. Você pode defender sua posição e pode mudar de ideia, mas não pode dizer que não disse", afirmou Sanders.
Biden demonstrou neste momento alguma insegurança, mas em linhas gerais teve mais desenvoltura que nos debates anteriores, quando pareceu confuso diante das interrupções e perguntas de vários pré-candidatos.
Sanders voltou a atacar bilionários e tentou associar Biden à imagem de defensor dos ricos. O ex-vice exaltou então sua proposta de financiamento público de campanha, que em sua visão diminuiria o peso do poder econômico na disputa pela presidência.
Quando questionados sobre as mudanças climáticas, Biden afirmou que pretendia destinar US$ 20 bilhões para a proteção da Amazônia "que está sendo destruída" e mencionou o Brasil. Sanders reforçou seu plano de evitar a dependência de combustíveis fósseis. Biden criticou Sanders por ter sido um dos poucos democratas e a votar contra a possibilidade de acionar fabricantes de armas na Justiça.
Ambos enfatizaram que seu grande objetivo é tirar Trump do poder. "Se eu não for o indicado, o apoiarei desde o dia 1", afirmou Sanders. "Discordamos nos detalhes de como fazer muitas coisas sobre as quais concordamos", afirmou Biden, ao que Sanders respondeu: "Esses detalhes importam muito".
"Se houver mais 4 anos de Trump, isso mudará a essência do que nós somos como nação", disse Biden. "É o presidente mais perigoso da história. Um mentiroso patológico, racista e homofóbico", acrescentou Sanders. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.