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Em cerimônia, 10 ex-agentes de Pinochet pedem perdão por crimes

Ao término do ato, o padre jesuíta Fernando Montes afirmou aos jornalistas presentes que nenhum dos ex-agentes pediu a redução de suas penas

Presídio no Chile: "Ofereço desculpas e peço para ser perdoado pelas dores que posso ter causado em meus compatriotas no exercício das minhas funções" (Ivan Alvarado/Reuters)

Presídio no Chile: "Ofereço desculpas e peço para ser perdoado pelas dores que posso ter causado em meus compatriotas no exercício das minhas funções" (Ivan Alvarado/Reuters)

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EFE

Publicado em 23 de dezembro de 2016 às 16h12.

Tiltil (Chile) - Condenados por crimes contra a humanidade cometidos durante a ditadura no Chile (1973-1990), dez ex-agentes de Augusto Pinochet pediram perdão nesta sexta-feira em cerimônia ecumênica realizada na penitenciária na qual cumprem suas penas.

Ao término do ato, o padre jesuíta Fernando Montes afirmou aos jornalistas presentes que nenhum dos ex-agentes pediu a redução de suas penas.

"Ninguém pediu anistia. Pediram perdão", disse o padre em relação à rejeição que a iniciativa despertou entre familiares das vítimas da ditadura, que viram o pedido de perdão como uma montagem para que os ex-agentes conseguissem benefícios carcerários sem nenhuma contrapartida.

Durante a cerimônia, os familiares se manifestaram nos arredores da penitenciária com cartazes e gritando palavras de ordem contra a impunidade, e também em Santiago, com uma manifestação ao redor da sede da presidência do país, o Palácio de la Moneda.

"Com segurança não terminei de me reconciliar com meus compatriotas, pois mais de uma pessoa pode ter ficado sentida por meus atos nos serviços de segurança", disse o ex-oficial do Exército Carlos Herrera Jiménez, que cumpre prisão perpétua pelo assassinato, em 1982, do líder sindical Tucapel Jiménez.

"Peço para ser perdoado porque causei dores nos momentos nos quais participei da implementação de políticas de segurança pública no governo militar", acrescentou o ex-agente, que já havia dado sinais de arrependimento em outras ocasiões.

Os discursos lidos por quatro dos dez antigos repressores que pediram perdão foram entregues à imprensa ao término do evento.

"Ofereço desculpas e peço para ser perdoado pelas dores que posso ter causado em meus compatriotas no exercício das minhas funções", expressou o interno Pedro Hormazábal.

A cerimônia, que teve a presença de 96 dos 120 internos da prisão especial para ex-agentes de Pinochet, contou com a participação, além do jesuíta Fernando Montes, do sacerdote defensor dos direitos humanos Mariano Puga e de alguns pastores evangélicos e de advogados ligados à área de direitos humanos.

Entre os detentos que pediram perdão estavam também o general Raúl Iturriaga Neumann, ex-subdiretor da Dina, a polícia secreta de Pinochet, condenado à prisão perpétua e outras penas em vários processos por violações aos direitos humanos; Claudio Salazar, Basclay Zapata, Enrique Ruiz, Pedro Hormazábal, Marcelo Castro e Miguel Estay.

Um parente do tenente Manuel Carevic, morto pela explosão de uma bomba nos anos 80, afirmou em seu testemunho que a família perdoou os autores do atentado.

Enrique Ruiz é general da Força Aérea e um dos principais responsáveis pelo "Comando Conjunto", um órgão repressivo que agrupou membros de todos os ramos das Forças Armadas, e Basclay Zapata é um suboficial famoso como torturador nas prisões secretas da ditadura.

Punta Peuco, o presídio no qual cumprem pena um total de 120 ex-agentes de Pinochet, foi construído em 1995 a 35 quilômetros ao norte de Santiago no município de Tiltil para abrigar condenados pela violaçao dos direitos humanos durante a ditadura e conta com condições especiais como quadras de tênis, áreas para churrasco e amplos refeitórios.

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