O presidente da Bolívia, Evo Morales> na disputa, a Bolívia perdeu 400 quilômetros de costa e 120.000 quilômetros quadrados de território. (Aizar Raldes/AFP)
Da Redação
Publicado em 14 de fevereiro de 2013 às 16h28.
La Paz - O presidente da Bolívia, Evo Morales, repudiou nesta quinta-feira a "invasão" de tropas chilenas em 1879 e declarou "heróis do mar" os três soldados presos no Chile desde o final de janeiro, em um ato para lembrar os 134 anos do início da guerra na qual seu país perdeu o acesso ao oceano Pacífico.
Morales afirmou que há 134 anos aconteceu "uma invasão injusta, com muita soberba e prepotência" ao então território boliviano, uma ação que deixou "feridas".
"Os bolivianos e as bolivianas lembramos e sempre lembraremos dessa invasão do ano 1879 porque a Bolívia nasce com saída ao mar, com saída para Pacífico", disse Morales diante de outras autoridades, chefes militares e estudantes que assistiram ao ato realizado em La Paz, na praça Murillo, sede do governo e do Parlamento.
O evento foi organizado pelas Forças Armadas para lembrar que em 14 de fevereiro de 1879 tropas chilenas ocuparam o então porto boliviano de Antofagasta, o que desencadeou a Guerra do Pacífico.
Na disputa, a Bolívia perdeu 400 quilômetros de costa e 120.000 quilômetros quadrados de território. Em 1904, um tratado assinado entre ambos os países fixou a soberania chilena desta região.
Morales afirmou que as "feridas de uma invasão" não se esquecerão e ficarão "para sempre" se não for resolvida o pedido boliviano de recuperar uma saída soberana ao Pacífico, que segundo o líder "não é uma reivindicação nem uma aspiração", mas um "direito".
Morales também criticou o governo do Chile pelo caso dos três soldados bolivianos presos no país vizinho desde o final de janeiro.
"Nossos três soldados agora são grandes defensores do mar. Como reivindicamos o tema do mar, (Chile) quer se vingar com três soldados e nossos soldados são grandes heróis do mar e nunca vamos abandoná-los", discursou Morales.
Os três soldados foram detidos em 25 de janeiro em Colchane, na região de Tarapacá, a 1.987 quilômetros ao norte de Santiago, carregando um fuzil.
Os militares bolivianos estão reclusos em uma prisão em Alto Hospicio, a 1.800 quilômetros ao norte de Santiago, e a justiça chilena rejeitou um recurso para libertá-los.
O governante boliviano argumentou hoje em que os soldados foram detidos cumprindo uma missão contra o contrabando de veículos e perguntou se o governo do Chile está usando o assunto "com fins políticos".