Cristina Kirchner, presidente da Argentina: fuga de capitais foi mais intensa entre março e abril (Chris McGrath/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 14 de dezembro de 2010 às 09h13.
Buenos Aires - A Argentina acumula meia década de permanente fuga de capitais, segundo dados do banco central do país. De janeiro a setembro de 2010, a fuga foi de US$ 9,194 bilhões. As estimativas do BC indicam que, no total, em 2010, a saída de divisas chegará a US$ 10,9 bilhões, embora economistas independentes afirmem que poderia alcançar a faixa de US$ 11,5 bilhões.
A fuga foi mais intensa entre março e abril, meses nos quais o governo da presidente Cristina Kirchner estava em conflito com o então presidente do BC, Martín Redrado. A crise provocou incertezas e intensificou temores de maior intervenção estatal na economia. Ao longo da década, segundo os dados preliminares do BC, a fuga total teria sido de US$ 60 bilhões.
O único ano sem saída de capitais desde a posse dos Kirchners, em 2003, foi 2005, ano em que a Argentina fez a reestruturação dos títulos da dívida pública com os credores privados. Em 2006, a fuga foi de US$ 2,939 bilhões. Em 2007, de US$ 8,872 bilhões.
Mas o ponto culminante da fuga de divisas ocorreu em 2008, quando o governo da presidente Cristina Kirchner aplicou um “impostaço agrário”, que causou a rebelião do setor ruralista, provocando instabilidade política e econômica. Naquele ano, saíram do país US$ 23,098 bilhões.
Em 2009, o confronto do governo com os meios de comunicação e diversas medidas de intervenção estatal na economia suscitaram temores em diversos setores da sociedade argentina. Nesse contexto, a fuga de divisas foi de US$ 14,1 bilhões no ano passado. Os analistas destacam que, embora a fuga de divisas deste ano seja menor, o volume está acima da média da fuga registrada entre 2002 e 2007, de US$ 3 bilhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.