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Em 45 anos, mais de 500 crianças sofreram abusos em coral alemão

Segundo relatório, ao menos 500 menores sofreram maus-tratos físicos, enquanto outros 67 também foram vítimas de violência sexual

Coral: as denúncias reveladas revelados incluem delitos e crimes que vão do estupro à privação de alimentos (Romano-Vatican Pool/Getty Images)

Coral: as denúncias reveladas revelados incluem delitos e crimes que vão do estupro à privação de alimentos (Romano-Vatican Pool/Getty Images)

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AFP

Publicado em 18 de julho de 2017 às 11h41.

Pelo menos 547 crianças do famoso coral católico alemão de Regensburger foram vítimas de maus-tratos, incluindo abuso sexual, entre 1945 e o início dos anos 1990 - aponta um informe da investigação publicado nesta terça-feira (18).

Cerca de 500 menores do coral dos Regensburger Domspatzen sofreram maus-tratos físicos, e outros 67, violência sexual, incluindo estupro, declarou Ulrich Weber, advogado encarregado pela Igreja de esclarecer esse caso que veio à tona em 2010.

Os membros do coral oficial dessa diocese são conhecidos como os "Pardais da Catedral de Regensburger".

Esses números são amplamente superiores aos publicados em janeiro de 2016, quando um relatório intermediário havia apontado 231 vítimas. Em fevereiro de 2015, as autoridades católicas locais reconheceram apenas 72 vítimas.

Os fatos revelados incluem delitos e crimes que vão do estupro à privação de alimentos, passando por espancamentos e agressões sexuais. A maioria dos casos prescreveu, porém, e os 49 autores identificados no relatório não serão processados.

Em contrapartida, cada vítima deverá receber 20.000 euros de indenização.

As vítimas descreveram sua passagem por este coro milenar e mundialmente conhecido como "uma prisão, um inferno e um campo de concentração", ou ainda, como "o pior momento de sua vida, marcado pelo medo, pela violência e pelo sofrimento", segundo Weber.

O caso diz respeito, em particular, aos maus-tratos ocorridos no período em que o irmão do papa Bento XVI, Dom Georg Ratzinger, dirigiu o coral de jovens cantores, entre 1964 e 1994.

Monsenhor Georg Ratzinger, que agora tem 93 anos de idade, assegura que não tinha conhecimento dos abusos sexuais cometidos neste coro fundado na Idade Média, em 975.

De acordo com Weber, porém, o irmão do papa emérito estava ciente dos crimes e preferiu "fechar os olhos".

A "cultura do silêncio" reinava no coro, onde a proteção da instituição parecia prevalecer, estima o advogado.

Em 2010, um ex-membro do coro, o maestro e compositor alemão Franz Wittenbrink, testemunhou à revista alemã "Der Spiegel" a violência, da qual Georg Ratzinger era capaz, citando, mais amplamente, um "sistema de castigos sádicos ligados ao prazer sexual".

Este escândalo é mais um dos muitos a sacudir a Igreja Católica nos últimos anos. Bento XVI e seu sucessor Francisco pediram perdão pelos casos de pedofilia que abalaram o clero.

Na Alemanha, uma escola jesuíta em Berlim também esteve no centro de um escândalo de pedofilia, depois que a própria instituição admitiu os abusos sexuais sistemáticos cometidos por dois padres contra os alunos nos anos 1970 e 1980.

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