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Em 10 dias, 87 mil refugiados rohingyas chegam a Bangladesh

Segundo a ONU, outros 20 mil membros da minoria muçulmana continuam na fronteira à espera de poder cruzá-la

Fuga: milhares de rohingyas cruzaram a fronteira com Bangladesh desde que os confrontos começaram (Mohammad Ponir Hossain/Reuters)

Fuga: milhares de rohingyas cruzaram a fronteira com Bangladesh desde que os confrontos começaram (Mohammad Ponir Hossain/Reuters)

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AFP

Publicado em 4 de setembro de 2017 às 10h12.

Pelo menos 87.000 pessoas, refugiados rohingyas em sua maioria, chegaram a Bangladesh desde o início da violência em Mianmar, em 25 de agosto - informou a ONU nesta segunda-feira (4).

Milhares de membros dessa minoria muçulmana em um país de maioria budista cruzaram a fronteira com Bangladesh desde que os confrontos começaram, amontoando-se em acampamentos de refugiados já sobrecarregados.

Cerca de 20.000 continuam na fronteira entre Bangladesh e o estado de Rakain, no oeste de Mianmar, à espera de poder cruzá-la, acrescentou a ONU.

O governo de Daca instaurou controles fronteiriços quando explodiu o último episódio de violência há dez dias, mas a ONU indicou que as recentes chegadas não foram contidas pelas autoridades de Bangladesh.

Um agente bengalês de fronteira disse à AFP que a chegada em massa de pessoas desesperadas tornou impossível deter o fluxo.

"É mais importante do que da última vez", disse o guarda, que pediu para não ser identificado, referindo-se ao intenso fluxo deflagrado com a onda de violência de outubro de 2016.

A ONU afirmou também que a maioria dos recém-chegados se instalou nos já saturados acampamentos de refugiados rohingya dos arredores da cidade costeira de Cox's Bazar.

Vários estão desabrigados, em meio às fortes chuvas causadas pelas monções. Nos últimos dias, a AFP constatou o surgimento de centenas de refúgios precários no entorno dos acampamentos.

 Críticas

Os refugiados de Cox's Bazar denunciaram que suas famílias foram massacradas, e os povoados, incendiados pelas forças de segurança e por grupos de budistas.

A violência explodiu após o ataque de 25 de agosto pela rebelião do Arakan Rohingya Salvation Army (ARSA) contra cerca de 30 delegacias de polícia.

Desde então, o Exército lançou uma grande operação nessa região pobre e remota do oeste de Mianmar.

O governo acusa os ativistas, os quais descreve como "terroristas bengaleses", de incendiarem as casas dos rohingyas e de outras comunidades.

Aung San Suu Kyi, líder de facto do governo birmanês, ex-presa política da junta local, é cada vez mais criticada por mostrar pouca disposição a falar sobre o tratamento aos rohingyas, ou de repreender os militares.

Desde a explosão do último episódio de violência, ela não se pronunciou.

"Nos últimos anos, condenei repetidas vezes o trágico, vergonhoso tratamento aos rohingyas", tuitou a ativista paquistanesa Malala Yousafzai, Prêmio Nobel da Paz, assim como Aung San Suu Kyi.

"Continuo esperando que minha premiada companheira Aung San Suu Kyi faça o mesmo", acrescentou.

Nesta segunda-feira (4), O ministro das Relações Exteriores da Indonésia, Retno Marsudi, reuniu-se em Naypyidaw com o chefe das Forças Armadas birmanesas, general Min Aung Hlaing, na tentativa de pressionar o governo para que faça mais para aliviar a crise.

Desde 2012, o estado de Rakain é palco de violência religiosa.

Muitos rohingyas foram assassinados, e milhares de pessoas - grande parte da minoria muçulmana - se viram obrigadas a fugir para acampamentos de refugiados.

A atual onda de violência é a mais grave já registrada.

De acordo com as Forças Armadas birmanesas, quase 400 pessoas morreram nos últimos dez dias. Destes, pelo menos 370 são militantes rohingyas.

Budistas do estado de Rakain e outros grupos tribais também estão entre mortos e deslocados, perseguidos - segundo as denúncias - por ativistas rohingyas.

Mais de 400.000 rohingyas já se encontram em Bangladesh, um país de maioria muçulmana que já deixou claro que não quer acolher mais refugiados.

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