Na última terça-feira, 22, a conta oficial no X, antiga rede social Twitter, do recém-criado Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), liderado por Elon Musk, levantou uma questão sensível aos contribuintes americanos: o alto custo de produção da moeda de um centavo, conhecida como penny. O departamento destacou que, em 2023, foram gastos mais de US$ 179 milhões (cerca de R$ 1 bilhão) na produção da moeda – um custo que contrasta fortemente com seu valor nominal.
A controvérsia reside no fato de que, para fabricar uma única penny, são gastos três centavos, tornando sua existência um gargalo de ineficiência governamental. Apesar de ser uma pauta antiga, a ideia de abolir a moeda ou buscar alternativas para reduzir seu custo nunca conseguiu apoio suficiente no Congresso americano.
Agora, sob o comando de Musk, o DOGE parece disposto a trazer a questão de volta à mesa como parte de seu compromisso com a eficiência de gastos públicos.
A origem do problema: o custo do zinco
A produção da penny está a cargo da Casa da Moeda dos Estados Unidos, que utiliza uma composição de 98% de zinco desde 1982.
Apesar de a moeda manter sua aparência de cobre, o aumento expressivo no preço do zinco ao longo das décadas tem inflado significativamente os custos. Segundo o relatório de 2023 da Casa da Moeda, o preço médio da penny aumentou 12,9%, superando o custo de qualquer outra moeda americana.
Com isso, as propostas para encerrar a circulação ou alterar a composição da penny têm ganhado força nos últimos anos. Para muitos, a descontinuação seria uma decisão lógica, considerando que o próprio uso da moeda tem se tornado menos relevante no contexto atual, onde transações digitais predominam.
Elon Musk pode realmente acabar com a penny?
Embora a publicação tenha gerado burburinho, o DOGE não possui autoridade direta para eliminar a penny.
Criado como uma agência de tecnologia no governo durante a administração de Donald Trump, o departamento tem sua atuação limitada aos sistemas de TI do governo federal. No entanto, Musk parece interessado em expandir o alcance da agência e trazer pautas inovadoras que ultrapassem essa barreira inicial.
Para que a penny seja retirada de circulação, seria necessário um projeto de lei aprovado pelo Congresso dos Estados Unidos ou, em um cenário alternativo, uma decisão do secretário do Tesouro para interromper sua produção. Nenhum desses caminhos, entretanto, parece simples ou iminente.