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ELN assume atentado na Colômbia: "Faz parte da guerra"

O atentado com carro bomba matou 20 estudantes da Escola de Cadetes da Polícia Nacional

Após ataque, Colômbia pede a prisão dos líderes da ELN (Luisa Gonzalez/Reuters)

Após ataque, Colômbia pede a prisão dos líderes da ELN (Luisa Gonzalez/Reuters)

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AFP

Publicado em 21 de janeiro de 2019 às 09h37.

Última atualização em 21 de janeiro de 2019 às 09h38.

A guerrilha Exército de Libertação Nacional (ELN) admitiu sua responsabilidade no ataque a uma academia de polícia na Colômbia, que deixou pelo menos 20 mortos, evocando uma operação "lícita" em tempos de guerra.

No mesmo comunicado, o ELN insistiu na retomada dos diálogos de paz enterrados pelo atentado de sexta-feira.

"A operação realizada contra essas instalações e tropas é lícita dentro do direito da guerra. Não houve nenhuma vítima não combatente", alegou a direção nacional da guerrilha em um comunicado divulgado em sua página on-line na madrugada desta segunda-feira.

O atentado com carro bomba matou 20 estudantes da Escola de Cadetes da Polícia Nacional. Essa ação fez o presidente da Colômbia, Iván Duque, pôr fim à mesa de diálogo em curso em Havana.

Segundo o comunicado do ELN, a Escola de Cadetes da Polícia Nacional é uma instalação militar e, lá, "recebem instrução e treinamento os oficiais que depois realizam Inteligência de combate, conduzem operações militares, participam ativamente da guerra contrainsurgente e dão tratamento de guerra ao protesto social".

Resposta em "legítima defesa"

De acordo com o ELN, o ataque seria uma resposta a atividades militares lançadas pelo governo de Duque durante o cessar-fogo unilateral oferecido pela guerrilha no Natal e no fim do ano.

"O presidente não deu a dimensão necessária ao gesto de paz" e "sua resposta foi realizar ataques militares contra nós, em todo território nacional", afirmou o ELN.

"As Forças Armadas do governo aproveitaram este cessar-fogo para avançar as posições de suas tropas de operações, ganhando localizações favoráveis difíceis de conseguir sem o cessar-fogo", completou o comunicado.

De acordo com o ELN, as tropas colombianas bombardearam um acampamento seu em 25 de dezembro, atingindo uma família de camponeses que estava próximo.

"É, então, muito desproporcional que, enquanto o governo nos ataca, diga que nós não podemos responder em legítima defesa", continuou a nota.

O ELN garantiu que seus acampamentos, onde se formam seus combatentes, também são atacados.

"Nós não interrompemos, nem reduzimos os esforços pela paz. Temos claro que estamos em uma guerra, já que a classe no poder reiterou que os diálogos devem transcorrer em meio ao conflito", justificou o ELN.

O grupo insistiu em um cessar-fogo bilateral "para gerar um clima favorável aos esforços pela paz" e se mostrou disposto a "que se respeitem determinadas áreas e instalações militares estatais" e do ELN para facilitar o diálogo.

O ELN disse lamentar pelos "mortos de ambos os lados" e lembrou que, no ano passado, dois de seus comandantes foram liquidados desarmados quando deveriam ter sido capturados.

A guerrilha pediu ao presidente Duque que envie sua delegação para retomar os diálogos em Havana, "para dar continuidade ao Processo de Paz e à construção dos acordos que trazemos desde o governo anterior; caminho de solução política do conflito".

No domingo, milhares de pessoas vestidas de branco marcharam em repúdio ao atentado, agitando bandeiras da Colômbia e cartazes com palavras de ordem como "assassinos covardes" e "a vida é sagrada".

Com cerca de 1.800 combatentes e uma extensa rede de apoio nas cidades, o ELN opera em vários dos 32 departamentos colombianos.

Surgida em 1964 sob o impulso de Che Guevara, esta organização reivindica uma política nacionalista e é, junto com dissidências das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e grupos de traficantes de droga de origem paramilitar, o principal desafio de segurança pública na Colômbia.

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