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Eletronuclear estuda plano de fuga pelo mar para Angra

Os acidentes na usina japonesa de Fukushima aceleraram a adoção de outras medidas suplementares de segurança no Brasil

Segundo a Eletronuclear, a própria empresa realiza um monitoramento constante nas encostas, principalmente às margens da rodovia Rio-Santos   (Wikimedia Commons)

Segundo a Eletronuclear, a própria empresa realiza um monitoramento constante nas encostas, principalmente às margens da rodovia Rio-Santos (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 13 de setembro de 2011 às 19h22.

Rio de Janeiro - Para reforçar os padrões de segurança das usinas de Angra 1 e 2, no litoral sul fluminense, a Eletronuclear vai ampliar o mapeamento das vias de acesso às centrais nucleares e planeja criar até um plano de fuga pelo mar, com a construção de dois píeres com o objetivo de facilitar a retirada de moradores e funcionários em caso de desastre.

O projeto de criação dos ancoradouros ainda está em fase inicial mas a empresa responsável pelas usinas pretende contratar já nos próximos dias uma consultoria externa para reavaliar a situação das encostas que margeiam as estradas da região. Em até quatro meses, um relatório poderá indicar a necessidade de novas obras de contenção e determinar os pontos onde há riscos de deslizamentos - que poderiam bloquear as rotas de fuga em caso de emergência.

Segundo a Eletronuclear, a própria empresa realiza um monitoramento constante nas encostas, principalmente às margens da rodovia Rio-Santos (BR-101). A decisão de solicitar um estudo externo para complementar o mapeamento da área havia sido tomada há meses, mas foi reforçada pelo desastre nuclear em Fukushima, no Japão, após o terremoto e o tsunami que atingiram o país. Em caso de desastre em Angra, as estradas usadas como rotas de fuga devem estar livres, para facilitar o isolamento da região.

"O novo mapeamento será feito apenas para termos uma confirmação externa das informações que já foram colhidas", disse Diógenes Salgado Alves, gerente de engenharia civil da Eletronuclear. "Em um momento como esse, não podemos deixar de ampliar a transparência e garantir a segurança total. Atualmente, temos a situação perfeitamente controlada, mas queremos ouvir uma segunda opinião para confirmar a qualidade dos trabalhos que praticamos". Deslizamentos de terra são comuns na Rio-Santos em períodos chuvosos, uma vez que as encostas da região são instáveis e formadas por rochas de até 100 toneladas envoltas por terra.

Para ampliar a capacidade de retirada dos quase 20 mil moradores e funcionários das regiões consideradas vulneráveis a um desastre nas usinas, a Eletronuclear pretende construir dois píeres que poderão ser usados para a evacuação da área caso as estradas estejam bloqueadas.

Japão

A empresa ainda fará estudos para definir a dimensão e a localização exata dos ancoradouros. Um pier deve ser erguido na Praia Brava (a 3 km da central nuclear) e outro na Baía da Ribeira (a cerca de 10 km das usinas). Ainda não há informações sobre a dimensão da obra, mas os locais de construção dos ancoradouros devem ser dragados para permitir a atracação de barcos de grande capacidade de passageiros.

Os acidentes na usina japonesa de Fukushima aceleraram a adoção de outras medidas suplementares de segurança no Brasil, segundo o assistente do diretor da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães. "O ritmo pode ser mais rápido, pois há uma cobrança da sociedade", afirmou. Guimarães ressaltou, no entanto, que o desastre no Japão não deve provocar mudanças no programa energético brasileiro, que prevê a construção de novas centrais nucleares.

A empresa estuda instalar uma pequena central hidrelétrica (PCH) nas bacias dos rios Bracuhy e Mambucaba, na região de Angra, para garantir o fornecimento de energia para os equipamentos de segurança da usina nuclear em caso de desastre. Em Fukushima, houve vazamento de radiação pois as bombas de resfriamento ficaram inativas devido ao corte no fornecimento de eletricidade.

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