Presidente Joe Biden e o ex-presidente Donald Trump (AFP)
Agência de notícias
Publicado em 26 de junho de 2024 às 16h51.
Na véspera do primeiro debate entre os candidatos democrata, Joe Biden, e republicano, Donald Trump, à Presidência dos EUA, uma pesquisa levou más notícias à campanha do atual presidente. De acordo com a sondagem, a maioria dos eleitores em seis estados considerados decisivos confia mais em Trump do que em Biden para enfrentar ameaças à democracia. O tema é uma aposta do democrata para se sobressair na disputa, mas a mensagem parece não estar chegando ao eleitor da forma que ele deseja.
De acordo com a pesquisa, realizada pelo jornal Washington Post e pela Universidade George Mason, 44% dos eleitores dos seis estados decisivos acreditam que o ex-presidente republicano é mais capaz de defender os EUA de ameaças à democracia, enquanto 33% afirmam que Biden é mais apto. Para 7%, ambos são igualmente capazes, enquanto 16% dos entrevistados dizem não confiar em nenhum deles.
Foram ouvidos 3.513 eleitores registrados de Arizona, Geórgia, Michigan, Nevada, Pensilvânia e Wisconsin, estados onde Biden venceu em 2020, e que foram cruciais para que superasse Trump.
— [Os eleitores] acreditam que o Congresso e o sistema judicial vão proteger os EUA dos piores excessos do presidente Trump — afirmou ao Washington Post Justin Gest, professor de Política e Governo da Universidade George Mason. — Penso que caberá ao presidente Biden, nas próximas quatro semanas, reforçar que a democracia não é uma coisa que deva ser considerada como sempre garantida.
Desde a vitória sobre Trump em 2020, e após invasão do Capitólio liderada por trumpistas para tentar barrar a certificação dos resultados eleitorais, em janeiro de 2021, Biden tenta se consolidar como o defensor das instituições democráticas nos Estados Unidos, acusando o rival de querer levar o país rumo a uma ditadura. Segundo a pesquisa, 46% dos entrevistados acreditam que o republicano tentará ser um líder autoritário caso retorne ao cargo — entre os trumpistas, o percentual é de 4%, e a maioria diz acreditar que a democracia permanecerá intacta, não importa quem esteja no comando do país.
Em discursos, o democrata tem citado que Trump jamais reconheceu a derrota há quatro anos, não se comprometeu em aceitar os resultados em novembro e tem feito acenos constantes às centenas de pessoas presas após a invasão do Capitólio, com promessas de conceder perdão caso seja eleito. Além disso, o presidente alerta para as ameaças de Trump de perseguir seus adversários, inclusive usando os poderes do Estado.
Os argumentos não parecem convencer tantos americanos como Biden gostaria. A maior parte dos entrevistados que declararam voto em Trump (76%) se diz insatisfeita com o funcionamento da democracia, e considera os processos enfrentados pelo republicano atos de perseguição política para tirá-lo das cédulas, replicando argumentos do ex-presidente. Sobre as eleições, 78% dos trumpistas dizem não acreditar na lisura do processo. Entre os apoiadores de Biden, o número sobe para 94%.
— Muitos americanos não reconhecem o papel de Biden como guardião da custódia de nossa democracia, e isso é um mau sinal para a campanha — afirmou Gest.
Em um outro recorte, os pesquisadores separaram os eleitores que chamaram de “decisivos”: que não têm um histórico ligado a um dos partidos, que não são assíduos em disputas presidenciais, que mudaram de opinião entre 2016 e 2020 e que hoje se declaram indecisos. Em disputas acirradas, como a que se espera para novembro, a derrota ou a vitória de Biden e Trump passará por eles.
Ao serem questionados sobre a defesa da democracia, 38% dizem que Trump é o mais apto para a função, enquanto 29% citam Biden. Ambos são rejeitados por 23% e considerados equivalentes por 10%. Sobre a lisura do processo eleitoral, apenas 52% dos eleitores "decisivos" confiam totalmente.
Um ponto sobre o qual parece haver algum tipo de consenso é se Trump vai ou não aceitar uma derrota. Para 69% dos entrevistados, ele não reconhecerá a vitória de Biden, número que sobe para 73% entre os eleitores decisivos. Entre os que indicaram voto no democrata, o percentual é de 98% — entre os trumpistas, o percentual é de 37%.
A pesquisa tem margem de erro de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos, e foi realizada entre os dias 15 de abril e 30 de maio.
A campanha de Joe Biden sabe que o caminho para a vitória em uma eleição novamente dividida passa pelos seis “estados pêndulo”, que não têm uma tendência definida nas últimas votações, e as perspectivas não são positivas. Na semana passada, uma pesquisa do instituto Ipsos mostrou Trump à frente nestes seis estados, e a média das sondagens elaborada pelo site Real Clea Polling aponta vantagem de até quatro pontos percentuais para o republicano em alguns deles, como Nevada. Em 2020, Biden venceu no estado com 50,1% dos votos, 2,4 pontos percentuais a mais do que Trump.