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Eleições terão profundo efeito na diplomacia do Canadá

Apesar de a política externa ter ocupado um papel secundário na campanha, o resultado das eleições terá grande efeito nas relações do país com o resto do mundo


	Canadá: após 11 semanas de corrida eleitoral, o pleito do dia 19 de outubro tem três grupos com chances de vencer
 (Getty Images)

Canadá: após 11 semanas de corrida eleitoral, o pleito do dia 19 de outubro tem três grupos com chances de vencer (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 15 de outubro de 2015 às 19h44.

Toronto - Apesar de a política externa do Canadá ter ocupado um papel secundário na campanha eleitoral para as eleições gerais da próxima segunda-feira, o resultado da votação terá um profundo efeito nas relações do país com o resto do mundo, especialmente com Estados Unidos e o México.

Após 11 semanas de corrida eleitoral, o pleito do dia 19 de outubro tem três grupos com chances de vencer: o Partido Conservador (PC), atualmente no governo, o Novo Partido Democrático (NPD), de orientação social-democrata, e o Partido Liberal (PL).

Se os três partidos apresentam propostas claramente diferentes para a política interna, o mesmo se pode dizer de suas visões sobre a diplomacia do Canadá.

Durante a campanha eleitoral, o atual primeiro-ministro do Canadá, o conservador Stephen Harper, não mostrou nenhum sinal de modificar a política externa desenvolvida nos últimos anos, que levou a um dos períodos de maior isolamento internacional na história moderna do país.

Pelo contrário, Harper e os conservadores prometeram mais do mesmo caso sejam eleitos, o que significaria uma tensa cúpula do Tratado de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta), prevista para ocorrer em novembro no Canadá.

O encontro, que chegou a ser chamado de a "Cúpula dos Três Amigos" antes da ascensão de Harper ao poder em 2006, estava previsto para ocorrer no início do ano, mas foi suspenso de forma inesperada pelos anfitriões.

Apesar de oficialmente o governo canadense alegar que cancelou a reunião por causa das eleições, a imprensa local revelou que o evento não ocorreu por causa das más relações do primeiro-ministro com os presidentes de Estados Unidos, Barack Obama, e do México, Enrique Peña Nieto.

O conflito entre Canadá e México vem desde 2009, quando Harper tomou a inesperada decisão de impor vistos de entrada no país aos cidadãos mexicanos.

O Canadá justificou a medida pelo elevado número de pedidos de refúgio procedentes do México. Desde então, o governo realizou uma série de mudanças legislativas que praticamente eliminaram essas solicitações de asilo, mas manteve a exigência de visto.

No último dia 9 de setembro, já em plena campanha eleitoral, Bernard Trottier, deputado conservador e secretário do ministro das Relações Exteriores, revelou que Harper não tem a intenção de voltar atrás porque o México "não cumpre os requisitos socioeconômicos".

"Como todos sabem, há muitos problemas com a criminalidade em muitas partes do México. Por essas razões, o visto continua a ser requerido", disse Trottier em um encontro com empresários.

Com Obama, o conflito de Harper é mais ideológico e amplo, mas pode ser resumido à construção do oleoduto Keystone XL. O primeiro-ministro do Canadá baseou o desenvolvimento econômico do país na exploração das jazidas petrolíferas situadas na província de Alberta, consideradas as maiores reservas do mundo junto com as da Arábia Saudita e da Venezuela.

O governo canadense quer a construção do oleoduto para conectar as jazidas às refinarias americanas do Golfo do México. Mas para isso precisa da aprovação de Washington. E, por enquanto, Obama se nega a autorizar o início da construção.

Harper, que tinha certeza que Obama daria sinal verde para o oleoduto, inicialmente declarou que não aceitaria uma recusa do presidente americano, o que muitos consideraram uma grave ofensa a Washington. Posteriormente, disse que venderia petróleo à China, o que foi interpretado como uma chantagem.

Desde então, Obama e Harper praticamente não se falam. As relações entre os dois países estão no piloto automático.

Tanto o líder do NPD, Thomas Mulcair, como o do PL, Justin Trudeau, destacaram durante a campanha eleitoral que, caso cheguem ao poder, corrigirão os erros de Harper com os países vizinhos.

Os social-democratas e os liberais se comprometeram a derrubar a exigência de vistos para os mexicanos e modificar o projeto das jazidas de Alberta para não provocar mais os EUA e outros países.

A principal diferença entre NPD e o PL é sobre outro dos pilares básicos da política externa de Harper, o Tratado Transpacífico (TTP), recentemente assinado por 12 países.

Enquanto Mulcair se comprometeu a tirar o Canadá do pacto negociado por Harper, Trudeau diz que está disposto a manter o país no acordo, mas somente após revisar os detalhes do documento assinado, ainda desconhecidos.

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