O candidato presidencial guatemalteco do partido Prosperidade Cidadã, Carlos Pineda, com seus apoiadores em frente à Corte Constitucional na Cidade da Guatemala, em 20 de maio de 2023 (AFP/AFP Photo)
Agência de notícias
Publicado em 25 de maio de 2023 às 17h43.
Última atualização em 25 de maio de 2023 às 17h55.
Os guatemaltecos vão escolher, em um mês, seu novo presidente, em eleições marcadas por denúncias de fraude após a exclusão de vários candidatos pelo partido no poder, acusado de querer consolidar um sistema autoritário.
O empresário Carlos Pineda foi quem recebeu o golpe mais recente, ao ser suspenso pela Justiça após a impugnação de um partido adversário por supostas irregularidades em sua candidatura. A decisão foi acatada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Pineda alcançou o primeiro lugar nas pesquisas após se popularizar nas redes sociais, principalmente no TikTok. Agora, espera que a Corte Constitucional decida uma apelação a seu favor.
No total, são 23 candidatos à Presidência, algo comum na Guatemala. Em uma pesquisa do diário "Prensa Libre" no início de maio, Pineda tinha 23,1% das intenções de voto, seguido pela ex-primeira-dama social-democrata Sandra Torres, com 19,5%.
Em seguida, com 10,1%, vinha o ex-funcionário da ONU Edmond Mulet (centro) e, com 9,2%, a conservadora Zury Ríos, filha do falecido ex-ditador Efraín Ríos Montt (1982-1983).
As eleições estão previstas para 25 de junho, com 9,3 milhões de guatemaltecos chamados a eleger o substituto do presidente de direita Alejandro Giammattei, rejeitado por 75% da população, segundo outra pesquisa do periódico.
Se um candidato não alcançar 50% mais um dos votos, os dois mais votados se enfrentarão em 20 de agosto. A reeleição presidencial é proibida.
"Os poderes ocultos em torno do governo (...) estão conspirando para me tirar da corrida eleitoral", denunciou Pineda.
Antes de sua exclusão, a campanha já gerava críticas pelo TSE ter deixado de fora a líder indígena Thelma Cabrera (esquerda), e Roberto Arzú (direita), filho de ex-presidente Álvaro Arzú (1996-2000), dois candidatos fortes.
"Há um panorama pré-configurado de quem são os candidatos, que exclui os que geram incômodos e mantém os favoráveis ao mesmo sistema", disse à AFP o diretor da Ação Cidadão, braço local da Transparência Internacional, Edie Cux.
O candidato vetado para o cargo de vice-presidente de Cabrera, Jordán Rodas, afirmou que o país está cometendo uma nova modalidade de "fraude eleitoral" com o envolvimento do "Estado por meio da estrutura orgânica judicial".
Rodas não foi inscrito após ser denunciado por um suposto ato de corrupção, sobre o qual se defendeu, mas suas apelações foram rejeitadas pela Justiça.
Para alguns analistas, esta nação vive desde 2019 um retrocesso democrático pelo fim antecipado da Comissão Internacional Contra a Impunidade na Guatemala (Cicig), ordenado pelo ex-presidente Jimmy Morales (2016-2020).
Como um ente da ONU, a Cicig revelou casos emblemáticos de corrupção e provocou, em 2015, a renúncia do então presidente Otto Pérez (2012-2015), condenado por fraude aduaneira.
Sob o mandato de Giammattei, muitos ex-promotores que trabalharam com a Cicig foram presos, a maioria acusada de suposto abuso de autoridade.
Os processos penais, considerados como uma "vingança", foram iniciados a pedido da procuradora-geral Consuelo Porras, próxima a Giammattei. Em 2012, Washington incluiu-a em uma lista de atores "corruptos", após ela destituir um promotor que tentou investigar o presidente.
O país também enfrenta denúncias de ataques à liberdade de expressão com a prisão de José Rubén Zamora, proprietário do diário "elPeriódico", que responde a um polêmico processo por lavagem de dinheiro.